quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MOACIR PEREIRA

*                               O fenômeno Dilma
Todos os louros desta extraordinária vitória do PT, elegendo Dilma Rousseff a primeira mulher presidente do Brasil, estão sendo creditados ao presidente Lula. Merecidamente! Afinal, a candidata só teve sucesso porque o governo Lula conta com alto índice de aprovação, a maioria da população está dizendo que a vida melhorou e que este projeto deve continuar.

Se as duas gestões Lula tiveram um olhar social, se 28 milhões de brasileiros saíram da miséria absoluta, se elevaram a renda da maioria e se o Brasil vive hoje um cenário econômico de prosperidade, os méritos são do presidente. Ele escolheu a candidata que, agora, teve a aprovação popular para sucedê-lo. Coube-lhe legitimar o projeto em todas as instâncias partidárias. E dele partiu a disposição – muitas vezes exagerada e até contrária à liturgia do cargo – de partir para a luta aberta na campanha.

Mas a ex-ministra também cumpriu o dever de casa com um desempenho surpreendente. Convenhamos: participou da maior eleição da história. Dilma Rousseff compareceu sem qualquer experiência anterior e saiu-se bem. Teve concorrentes preparados. No segundo turno, enfrentou um adversário com bagagem acadêmica, biografia política (deputado, senador, prefeito, ministro, governador) e eleitoral. Cercou-se de assessores competentes e talentosos marqueteiros. Na largada do horário eleitoral, viu-se a diferença. Um programa dinâmico, vibrante, coerente, com Dilma e Lula abraçando o Brasil dentro de um roteiro inteligente. E o tucano José Serra com uma apresentação repetitiva e sem criatividade dos produtores de TV. Ali, as pesquisas começaram a mudar. A petista compareceu nos debates bem orientada. É verdade que revelou tensão normal e muitas vezes quebrava o pensamento e as ideias nas intervenções televisivas. Mas nunca errou a ponto de comprometer o projeto político.
*                               APROVAÇÃO
Questão que fica para análise dos cientistas políticos: se a maioria do eleitorado aprovou o governo Lula e sua candidata, o que ocorreu em Santa Catarina? A população estadual está contra Lula e contra a candidata petista?

A resposta, definitivamente, é não. Há uma parcela da sociedade que tem posição contra o PT, qualquer que seja o candidato. Há outra que temia riscos de radicalismos xiitas. Mas a maioria votou a partir da poderosa estrutura da tríplice aliança, montada sob a liderança do senador eleito Luiz Henrique da Silveira.

A eleição de Raimundo Colombo no primeiro turno provou outra vez que máquina, estrutura partidária, alianças e tempo de TV definem uma eleição. A derrota de Dilma em Santa Catarina é muito mais resultado da desproporção entre as estruturas que apoiavam o tucano e a petista.

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