quinta-feira, 30 de junho de 2011

Se



Do internauta Pedro Paulo de Miranda, via e-mail: “Considerando os últimos “solavancos” desta insólita “viagem” gostaria de compartilhar o poema de Rudyard Kipling (1865 – 1936).
Se
Se és capaz de manter a calma quando
Todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses, no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires;
De sonhar – sem fazer dos sonhos os teus senhores;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que dissestes,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhastes em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exausto, contudo
Resta à vontade em ti que ainda ordena: “Persistes”!;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todo podes ser de alguma utilidade,
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que é mais – tu serás um homem, ó meu filho!

O mágico de Oz



“Um dia a mais, uma semana a mais e paciência de menos!
Leio as manchetes e fico como um boneco “João Bobo” sorrio, entristeço, sorrio, entristeço!… Parece loucura, em uma mesma semana as coisas andam pra frente e pra trás, pra frente a pra trás. Fico pensando… Estou insana ou o mundo enlouqueceu!
No início a greve lembrou-me uma história poética, poética, gloriosa, por idéias e ideais! Agora parece uma fábula louca! Não somos Dom Quixotes! Somos “Dorothys” perdidos em um mundo louco e tentando voltar pra casa, nesse caso para as escolas, e nem temos sapatos mágicos.
Temos sim, um leão, no caso, Colombo, um homem muito bom em falar em público, convencendo e persuadindo pessoas sobre suas idéias antes das eleições, mas que na hora de tomar uma atitude provou não ser realmente como parecia, vive viajando e nunca está para negociar ou decidir; Um espantalho sem cérebro, esse representa nosso secretário de educação, que até agora so soube colocar os pés pelas mãos, nunca vi uma pessoa tão desinformada do cargo que ocupa. E, por fim, o Homem de Lata, sem coração representado por Eduardo, nosso vice-governador, esse, fica lá na sombra sem sujar seu partido ou suas mãos! Não está nem ai! Vou poupar Deschamps, mal ou bem tem trabalhado, e muito. As bruxas do oeste e do leste podem ser Luiz Henrique e Paulo Bauer, que tem uma grande responsabilidade em toda essa poca vergonha. Tem uma bruxa da ilha que não tem em Oz, mas existe em Florianópolis, amedrontando diretores e assistentes de educação. Preciso citar o nome?
É isso, estamos todos perdidos, nas mãos de pessoas que não estão nem ai! E ainda vem com discurso de preocupação com alunos catarinenses e pressa de volta as aulas, ou de estar aberto ao diálogo, quando recorre na ação de ilegalidade da greve afirmando que é um precedente ináceitavel!. Alguém mais acredita? Para!
E parece que está tudo normal, os presos fogem vira escandalo. Marcha em favor da legalização da maconha, manchete. Neve em todos os jornais. Milhares de alunos em casa, uma sequência de desmandos, trapalhadas, reuniões marcadas que não acontecem, decições não decididas… E? Nada!
O que temos que fazer para que essa situação se resolva? uma fuga em massa? Sair pelas ruas defendendo algo que escandalize as pessoas mais tradicionais? Nevar não dá! Já fizemos cartas, e-mails, monções, passeatas, panelaços, recorremos a justiça, missas, velas, bençãos…. E? Nada.
Esqueci-me de um personagem, tão importante quanto a Dorothy, o mágico! É isso precisamos encontrar um mágico! Urgente!

Patricia dos Reis da Silva.”

domingo, 26 de junho de 2011


Qual a diferença entre a política econômica de Lula e a de FHC?

Reproduzo mais uma excelente análise a que tive acesso hoje,comparativa entre as políticas econômicas praticadas pelo PT de Lula e Dilma e aquelas do PSDB de FHC e Serra.
O economista Leandro Paterniani derruba uma tese largamente propagandeada pelo PSDB de que o sucesso do governo de Lula seria decorrente da continuidade da política econômica iniciada por FHC.
A política econômica do PT de Lula e Dilma,na verdade,em muito difere das políticas do PSDB de Serra e FHC,e não por menos o governo de Lula foi um grande sucesso,com reconhecimento internacional,enquanto o candidato do PSDB faz de tudo para enconder sua relação com FHC.

Qual a diferença entre a política econômica de Lula e a de FHC?

Por:Leandro Paterniani,do blog Boteko Vermelho
A máxima popular de que “quando o filho é bonito,todo mundo quer ser o pai” cai como uma luva ao comportamento recente dos demo-tucanos. Isto porque setores do PSDB e seus aliados têm procurado tomar para si a paternidade de projetos importantes que foram implementados no governo Lula e que foram decisivos para o ciclo de crescimento econômico e geração de empregos que o país entrou a partir de 2003. Uma das falácias mais difundidas por esses grupos oposicionistas e também pela grande imprensa é que Lula capitalizou os avanços registrados em anos anteriores.
Um outro argumento muito recorrente dos demo-tucanos,e em linha com o descrito anteriormente,é de que o governo Lula só teve êxito porque seguiu a mesma política econômica do governo FHC. É interessante notar que até uma pequena parcela da esquerda brasileira,de tendência mais radical,segue este mesmo argumento dos demo-tucanos,afirmando que do ponto de vista econômico o governo Lula nada mais é do que uma continuação do governo tucano. Ora,nada mais equivocado do ponto de vista da política econômica,haja vista as diferenças extremas entre as orientações de cada um dos projetos.

O papel do Estado

Para entendermos quais seriam,pois,as diferenças entre a política econômica do governo Lula e a do governo FHC e refutarmos por completo o argumento de que uma seria a continuidade da outra,devemos começar nossa análise pela essência de cada uma. A política econômica desenvolvida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,entre 1995 e 2002,norteou-se basicamente pelo princípio da reforma do setor público e pelo Estado Mínimo. Neste sentido,o Estado tinha um papel quase inexistente na política econômica da era tucana,ficando restrito à regulação e fiscalização.
Não por menos o período em que o PSDB esteve à frente da Presidência da República foi marcado por um processo intenso de privatizações e também por práticas baseadas na idéia de que o próprio mercado se auto-regulava. Com o início do governo Lula,houve uma mudança na essência da política econômica:o Estado,que antes tinha uma participação tímida na economia,passou a ter um papel de maior destaque,não apenas regulando,mas também planejando e investindo. Ou seja,deixou-se para trás uma era em que o Estado era mínimo e passou-se a vigorar uma era em que o Estado é forte e atuante.
Assim,o Estado,ao longo do governo Lula,atuou como indutor do investimento,ampliando,para isso,as linhas de crédito tanto aos consumidores quanto à produção. Com isso,a relação crédito/PIB,em março de 2010,era de 45%,bem acima dos 23,9% registrados em dezembro de 2002,quando terminou o governo FHC. É importante lembrar que o maior volume de crédito foi um fator determinante para atenuar os efeitos da crise financeira de 2008/2009 sobre a economia brasileira.

Políticas setoriais

Com uma presença mais marcante do Estado na economia,o governo Lula foi marcado pelo desenvolvimento de políticas setoriais de grande destaque,que colaboraram decisivamente para colocar o Brasil na rota do crescimento continuado. Neste sentido,enquanto o governo FHC ficou mais focado na política macroeconômica,desenvolvendo um rígido processo de ajuste fiscal,o governo Lula deu uma atenção especial a determinados setores,especialmente aqueles ligados à infra-estrutura e à construção civil.
A política industrial desenvolvida por Lula em seu governo beneficiou setores que tradicionalmente empregam muito,como o automobilístico e a indústria de eletro-eletrônicos,bem como o varejo em geral. Neste aspecto,destacou-se notadamente a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para automóveis,eletro-eletrônicos e materiais de construção,que acabou impulsionando sobremaneira estes setores e contribuindo para a geração de milhões de empregos no país. E mais:essa política industrial desenhada pelo governo Lula foi decisiva para que o Brasil não sentisse de maneira acentuadas os efeitos da crise financeira mundial de 2008/2009.
No setor de infra-estrutura,o governo Lula,ao contrário do governo FHC,também realizou pesados investimentos,especialmente na área da indústria naval,energética e construção civil. Esse fomento às áreas de infra-estrutura,ao mesmo tempo em que solucionou boa parte dos gargalos existentes,contribuiu também para a geração de milhões de postos formais de trabalho. O grande destaque foi,sem dúvida,o setor de construção civil,beneficiado pelos incentivos fiscais e também pelas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Exposição cambial e dívida pública

Ao longo da década de 90,era consenso entre os economistas de que um dos maiores problemas do Brasil naquela época dizia respeito ao crescimento geométrico da dívida pública interna. Sabe-se que grande parte da dívida pública brasileira encontra-se na forma de títulos do Tesouro Nacional – é o que em Economia denomina-se de “dívida pública mobiliária interna”. Durante governos anteriores,grande parte dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional era atrelada à variação cambial. Esses títulos eram chamados de NTN-D e E (Notas do Tesouro Nacional – séries D e E).
Como o prêmio pago por esses títulos estava atrelado à variação cambial,em momentos de intensa desvalorização do real frente ao dólar,como ocorreu a partir de janeiro de 1999 (no segundo mandato de FHC),a dívida pública mobiliária crescia de forma considerável. Isso sem contar os efeitos dos juros,pois devemos lembrar que ao longo do governo tucano,a taxa básica de juro da economia – a Selic – estava em níveis altíssimos,o que ampliava ainda mais o valor final da dívida pública. Logo no início do governo Lula,nos anos de 2003 e 2004,uma das prioridades da equipe econômica foi justamente a redução dessa exposição cambial,tendo como meta o controle da dívida pública interna.
Para isso,o Tesouro Nacional realizou dois tipos de movimentos:operações de recompra das NTN-D e E que estavam no mercado ou então operações de swaps,pelas quais os detentores das NTNs-D e E trocavam esses títulos por outros de menor exposição,como as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro),que são títulos pós-fixados atrelados à variação da taxa Selic. Com isso,o governo Lula mudou o perfil da dívida pública interna brasileira,reduzindo a exposição cambial que o país tinha até então. Para se ter uma idéia,segundo dados do Banco Central,em dezembro de 2002,a parcela da dívida pública atrelada ao câmbio era de 33,5%,passando,em março de 2010,para 0,6%.

Inflação e política monetária

O controle inflacionário foi uma meta seguida pelo governo Lula desde seu início. Em 2002,último ano do governo FHC,a inflação medida pelo IPCA,do IBGE,havia encerrado o ano em 12,53%,enquanto o IGP-M,da Fundação Getúlio Vargas,havia registrado elevação de 25,31%. Vale destacar que o IGP-M,por aferir a inflação tanto no atacado quanto no varejo,é tradicionalmente superior aos índices de preços ao consumidor,tais como o IPCA e o IPC da Fipe. O governo FHC,logo no início do plano real,optou pelo caminho da política cambial como forma de conter a inflação no período.
Assim,até janeiro de 1999 o governo FHC utilizava o regime de câmbio fixo,de forma que a âncora cambial funcionava também para “segurar” os preços da economia brasileira. Contudo,após a maxidesvalorização cambial daquele ano,o dólar entrou em uma trajetória crescente frente ao real,o que acabou contaminando diretamente o nível de preços da economia brasileira e provocando uma forte onda inflacionária. Para conter a inflação,a equipe econômica de FHC usou,tardiamente,a solução que deveria ter usado logo no início,em 1995:a política monetária. Iniciou-se,assim,um ciclo de aperto monetário,com vistas a derrubar a inflação.
Quando Lula assumiu,a equipe econômica constatou de que era preciso inicialmente manter a política de arrocho monetário,de forma a controlar a inflação e leva-la a níveis inferiores àqueles da ocasião. Em dezembro de 2002,a Selic estava em 25% ao ano. O primeiro semestre do governo Lula foi marcado por uma série de elevações da taxa básica de juro,que chegou a 26,5% ao ano em maio de 2003,como forma de segurar o avanço da inflação. A partir de então,com a inflação já sob controle,o Copom (Comitê de Política Monetária) iniciou uma série de reduções da taxa Selic,que encerrou o ano de 2009 a 8,75% ao ano. Ou seja,o governo Lula combinou redução do juro com inflação sob controle (o IPCA encerrou 2009 com alta de 4,31%).

Melhor percepção de risco

É importante avaliar que,como conseqüência direta das diferentes diretrizes adotadas pela política econômica do governo Lula em relação àquelas tomadas no governo FHC,houve uma melhora generalizada dos fundamentos da economia brasileira. Enquanto o governo de FHC foi marcado por um crescimento baixo,elevado nível de desemprego,aceleração inflacionária a partir de 1999,juros elevados e alta exposição cambial,o governo Lula,alterando os rumos da política econômica,conseguiu níveis expressivos de crescimento econômico,geração recorde de empregos,redução dos juros,recuo da inflação e diminuição da exposição cambial do Brasil.
Com isso,a percepção de risco dos investidores internacionais em relação ao Brasil melhorou bastante ao longo do governo Lula. Tanto que houve uma maior procura por títulos da dívida externa brasileira,o que acabou aumentando o seu preço e reduzindo,portanto,o prêmio pago por eles. Acompanhando essa redução dos juros pagos pelos títulos da dívida externa brasileira,houve um recuo do risco país,que mede o spread entre os títulos brasileiros e os Treasuries,que são títulos do Tesouro norte-americano,considerados de baixíssimo risco.
Dessa maneira,enquanto em 2002,no governo FHC,o risco país chegou a 2.400 pontos base,com a melhora dos fundamentos econômicos promovida pelo governo Lula,o indicador está atualmente em torno dos 240 pontos base. Ou seja,o risco país é hoje 10% do que era há oito anos! Percebe-se,portanto,que o argumento difundido pela oposição e por grande parte da imprensa,de que a política econômica do governo Lula é uma continuidade daquela desenvolvida no período FHC,não passa de uma grande falácia. O governo Lula,além de mudar as orientações da política econômica,ampliando o papel do Estado e fortalecendo setores importantes,levou o Brasil a resultados muito mais satisfatórios do que os alcançados no período do tucanato.

“A Educação e a prova dos nove”

“A Educação e a prova dos nove”, artigo escrito pelo professor Antônio Lassance, está sendo encaminhado a este blog, como contribuição ao debate sobre tema tão relevante, pelo professor Cláudio Calegari. Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política. É longo, mas merece leitura e reflexão pelos ensinamentos, conteúdo e atualidade. Esquenta mentes e corações neste tarde chuvosa e fria de domingo. Leia:
“Ao contrário do que parece, não existe e nunca existiu no Brasil o propalado consenso sobre a importância da educação. O que impera é não só o dissenso, fustigado pelo obscurantismo, como uma disputa sobre o papel do sistema público, seu peso no orçamento do Estado e sua relação com o mercado da educação, um dos mais rentáveis do País.
É curioso, mas dificilmente fruto de uma mera coincidência, que o fogo cruzado contra o ministro da Educação, Fernando Haddad, tenha se intensificado justamente quando o debate sobre o Plano Nacional de Educação e sobre o futuro de suas políticas no País deveria ser o mais relevante a ser travado neste momento.
Apesar de inúmeros e significativos avanços nos últimos anos, estamos apenas caminhando em uma área na qual o País precisaria estar voando.
O principal obstáculo decorre do fato de que a educação sofreu um profundo processo de fragmentação, confusão gerencial, subfinanciamento, desmonte de suas estruturas e desarticulação dos setores defensores do sistema público.
A Constituição de 1988 promoveu uma positiva institucionalização da autonomia dos sistemas estaduais, municipais e da universidade. Promoveu a descentralização e a expansão da oferta de vagas, rumo à quase universalização do ensino fundamental.
Todavia, sobretudo a partir dos anos 1990, o federalismo brasileiro passou por um processo de grave distorção. A falência econômica de muitos Estados, por conta de gestões irresponsáveis ao longo dos anos 1980, e suas políticas de terra arrasada (torrar recursos e deixar a casa destruída para governos seguintes) levaram a um contexto favorável ao ajuste fiscal rígido.
Estados e Municípios foram obrigados a reduzir custos, e a educação foi um dos setores prioritários da operação-desmonte. Salários dos professores foram achatados e proliferaram os contratos temporários. Muitos se tornaram “concurseiros”, policiais, funcionários de bancos, analistas de carreiras vinculadas à gestão da máquina do Estado (tributação, orçamento, administração) e tudo o que, com salários bem mais elevados, demonstrava que a educação não era prioridade.
Ao mesmo tempo, escolas desmoronavam sobre a cabeça de alunos e professores. O ensino técnico havia sido abandonado. O ensino médio, excluído do Fundef, foi deixado à míngua. A maioria dos governadores, na prática, abandonou por completo seu compromisso com a educação, preferindo redirecionar a missão essencial dos Estados às políticas de desenvolvimento econômico, com estímulo à guerra fiscal e obsessão por atrair empresas e empreendimentos que guardariam relação direta com o financiamento de campanhas políticas.
A educação chegou ao fundo do poço, e é por isso que ainda é tão difícil esperar que ela dê saltos. Cada tentativa tem o provável resultado de bater com a cabeça na parede.
A fragmentação é tal que há diferenças muito pronunciadas de desempenho entre Estados vizinhos, em uma mesma região, e mesmo de escolas vizinhas, em um mesmo município. A depender do governador, do prefeito e até do diretor, a cada quatro anos tudo pode ser perdido, e a educação passar do vinho ao vinagre. Avanços de uma gestão podem ser revertidos pelas gestões seguintes.
O governo Lula patrocinou grandes conquistas, sob o comando do ministro Haddad. Elevou o gasto com educação e transformou o Fundef em Fundeb, finalmente abrangendo o Ensino Médio. Lula também tomou a decisão crucial de suspender a Desvinculação das Receitas da União (a famigerada DRU), que diminuía o valor dos recursos a serem repassados para a educação. Desde 2003, foram construídos 214 centros de formação profissional e tecnológica, mais do que os 140 erigidos desde 1909. Há 14 novas universidades, além de mais de 30 novos campi ligados às universidades já existentes.
O Judiciário brasileiro também deu uma contribuição importante, recentemente, derrotando cinco governadores que haviam pedido a decretação da inconstitucionalidade do piso salarial dos professores estabelecido nacionalmente.
Reverteu-se a absurda situação anterior, na qual, em nome da “responsabilidade” fiscal, o Governo Federal se desincumbia de cumprir sua responsabilidade com a educação.
O fato de o Brasil ocupar, segundo a Unesco, o 88º lugar, entre 127 países, e o 53º, entre 65 países pesquisados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tem muito a ver com o fato de a educação ser, igualmente, não a primeira, mas a 53ª ou a 88ª prioridade de muitos governos estaduais e municipais.
É fácil jogar toda a culpa, ou a maior parte dela, sobre o Ministério da Educação (MEC), e mais especificamente, sobre os ombros do ministro Fernando Haddad. Fácil, mas simplista.
Certamente, o MEC cometeu vários erros. O ministério não se empenhou por consolidar a coalizão de defesa do sistema público para além de suas reuniões com outros governos. Demorou muito para fazer a Conferência Nacional de Educação e está longe de ter uma boa relação com as organizações nacionais de professores. Não priorizou o tema da gestão democrática, verdadeira pedra de toque da autonomia do ensino, mas que precisa de parâmetros claros para que não seja mais um ingrediente de desagregação do sistema.
Também não conseguiu estabelecer uma nova estratégia de relacionamento com Estados, Municípios e DF. Hoje, a política do Governo Federal para a educação não é uma política de educação nacional. O que existe são diferentes políticas educacionais espalhadas pelo país, e o esforço do MEC no sentido de harmonizá-las por estratégias de apoio e cooperação.
Mas os ataques que Haddad tem sofrido ultimamente vêm de quem nunca o aplaudiu, quando de seus acertos. A coalizão que mira no MEC quer acertar na testa destes avanços proporcionados em menos de uma década
Quem conhece um pouco da história da educação no Brasil sabe que inúmeras tentativas de transformá-la mais profundamente são estigmatizadas com pesadelos e fantasmas.
Por exemplo, nos anos 1930, o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto, chamou para conduzir seu projeto de reforma do ensino ninguém menos do que o honorável Anísio Teixeira, velho batalhador da educação pública, laica e inovadora. Ambos criaram, como modelo, a Universidade do Distrito Federal. Entre em seus quadros, estavam nomes que reinventaram as ideias sobre o Brasil, como Sérgio Buarque de Holanda, Cândido Portinari, Heitor Villa Lobos, Cecília Meirelles, Álvaro Vieira Pinto, Josué de Castro, Gilberto Freyre e Mário de Andrade. Portanto, gente de todos os matizes.
O que isso rendeu a Pedro Ernesto? A acusação, feita pelos conservadores, de abrigar comunistas, de ser um ateu, contrário ao ensino da palavra de Deus. Anísio Teixeira demitiu-se. O prefeito foi exonerado e preso, acusado de simpatia com comunistas. A UDF foi absorvida, no Estado Novo, pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) e seus professores passaram a ser contratados com crivo sobre suas convicções ideológicas e religiosas, sob a lupa de Alceu Amoroso Lima e do Cardeal Leme.
O projeto de Anísio Teixeira retornou revigorado, décadas depois, em Brasília, no projeto de Escola Parque, de tempo integral, e com Darcy Ribeiro, com a Universidade de Brasília. Nova ditadura, a de 1964, interrompeu o experimento.
A educação no Brasil, sucessivamente golpeada pelo autoritarismo, em períodos democráticos é bloqueada quando pretende avançar. É por isso que ela se arrasta vagarosamente. A primeira Lei de Diretrizes e Bases só foi promulgada em 1961, sendo que estava prevista desde a Constituição de 1934 (na forma de um Plano Nacional de Educação). Foram 13 anos de tramitação, desde o envio de seu projeto, em 1948. A segunda LDB, estabelecida pela Constituição de 1988, só chegaria à sua redação final em 1996.
A institucionalização das regras nacionais para a educação é sempre muito lenta. Isso nada tem a ver com democracia e tempo de debate. Pelo contrário. Esses projetos são deliberadamente entregues a uma tramitação modorrenta, com parlamentares que se esmeram por mantê-los em total monotonia, enquanto agridem a compreensão pública com polêmicas disparatadas. Atiram para todos os lados em questões pontuais, enquanto agem solenemente em prol do silêncio de cemitério, trilha sonora mais comum do debate sobre os rumos da educação.
Enquanto esperamos que o MEC seja rápido para corrigir seus erros e evitar que eles se repitam (como no caso do 10-7=4), é preciso ter clareza dos grandes desafios que se tem pela frente. O importante já não é apenas superá-los, evitando retrocessos, mas fazê-lo ainda mais rapidamente. O atraso histórico amargado pelo sistema público de educação é de tal monta que mesmo alguns resultados exuberantes colecionados nos últimos anos deixam a sensação de uma vitória de Pirro para professores e estudantes.
Mais do que dar continuidade ao que foi feito, seria hora de uma guinada.”



Blog Moacir Pereira

sábado, 25 de junho de 2011

Por um grande amor

Quando me falta o riso, vejo em ti a graça
Quando me falta a vontade, vejo em ti a missão
Quando sopra forte a tempestade, és farol a guiar-me
Quando digo que não quero, és vontade, desafio
E se machucam-me as asas, arrasta-me tu até as alturas
Voando, atravessando o vento, almejando-te , mesmo lento…


Se nos corrompem, sou grito silencioso
Pois ainda é tempo, de calar-se, omitir-se, esconder-se no medo


Quando canso, és vida nova
Quando choro, és o alento
Quando duvido, temo e receio, como a certeza absoluta tu és o mandamento
Quando oro, estás nas palavras
E se há um Deus, este é prova
De um amor mágico , coelho e cartola


Se de nós riem, sou palhaço
Faço contigo, da escola, um picadeiro
E de vermelho, pinto nosso nariz…


Quando sou silêncio, és doce melodia
E na melancolia, és alegria
Contagiante, diferente , simplesmente fascinante


Quando trancam-me as portas, és chave
E quando amordaçam-me a boca, és minha alma a gritar
Se nos contestam, és a prova, a testemunha
E eu, um advogado
Totalmente apaixonado


Quando impõem-nos os modismos, somos árvores
De profundas e fortes raízes
Que suportam, que alimentam, que esperam
Das profundezas das teorias
O alimento, a terra sadia


Se de mim têm dó, somente rio
Sim senhor, sou professor
Amante da educação
Meus alunos, minha vida, uma missão.

Escrito em 1998, em meu início de carreira.
Sidnei Werner Woelfer – Taió/SC
Professor pós-graduado em Letras – Português/Inglês/Espanhol
Pensando sobre os encaminhamentos e reviravoltas do nosso movimento grevista, ocorre-me trazer à reflexão um fragmento do belo poema de Eduardo Alves da Costa “No caminho com Maiakóvski”:
“(…)
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
(…)
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
(…)
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita – MENTIRA!”


Há muito tempo estão roubando nossas flores, destruindo nossos jardins, matando nossos cães…
Eis que por vezes permitimos que nos silenciassem…
Mas agora basta! Chega de promessas, humilhação, desrespeito, descaso…
Cansamos! Desculpem-nos caros alunos, pais e mães! Todos nós estamos perdendo. Mas, creiam, é por uma boa causa. Obrigada pela compreensão!
Não estamos apenas preocupados com a questão salarial. Queremos, acima de tudo, que a educação seja tratada com o devido respeito.
Vou apresentar um reles exemplo de descaso: em nossa Escola temos um ginásio de esportes em construção há 18 anos (isso mesmo: 18 anos!) e as promessas de liberação de recursos para a conclusão da obra ainda não se concretizaram, de forma que recentemente o espaço foi interditado por oferecer riscos à segurança das nossas crianças e adolescentes.


Parabéns a todos os colegas que se permitiram abandonar a “caverna”, quebrar os grilhões, enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil.
Que pena! Alguns não compreenderam o significado desse momento e optaram por permanecer na condição de espectadores.
Queremos virar esta página com a maior brevidade e, quem sabe, o tempo nos dirá que valeu à pena tanto sofrimento.
Quem sabe possamos comemorar nossa justa valorização profissional e ver a Educação ser tratada como prioridade, de fato, não apenas nos discursos e no papel.
Mary T. Rafaeli – Supervisora Escolar – EEF Prof. Edvino Huppes – Coronel Freitas- SC

sexta-feira, 24 de junho de 2011

“Antes de terminar a primavera, Josué cumpria sempre o mesmo ritual, que no seu entender de homem simples e organizado, era de sua obrigação. Assim como era obrigação do homem do lampião acender todas as noites, pontualmente às sete horas, todos os lampiões da vila. Assim como era obrigação do guarda noturno velar pelos sonhos alheios.
Josué era um homem de obrigações, obrigações que lhe foram chegando com os anos vividos… Era também um ser solitário, pois os seus também foram partindo com os anos vividos. E ele ficara sem entender como a solidão se aconchegou em sua alma.
Na pequena vila, distante de tudo e de todos, Josué levava uma vida pacata, que mudava quando a primavera estava para acabar, e a presença das flores ainda coloria o vale.
Era então chegada à hora de Josué cumprir a sua tarefa, era o momento sublime da vida rotineira e solitária de Josué.
O homem então, dentro da sua razão de homem incumbido de algo divino a realizar, esperava ansioso o dia amanhecer, e quando o homem do lampião apagava o último lume, quando o guarda noturno dava seu último apito, Josué saia pelos campos orvalhados pela noite, acompanhado de suas idéias e obrigações, ia colhendo com cuidado todas as flores que encontrava pelo caminho e guardava-as em um saco já bastante surrado pelos anos de uso. Assim, Josué passava o resto do dia, catando flores e mais flores, até o anoitecer.
Aí então, ele esperava a vila dormir e o guarda noturno cochilar nas escadarias da igreja (segredo que só Josué conhecia) e saía pelas ruas espalhando as flores colhidas durante o dia… Espalhando-as generosamente nas calçadas, na frente das casas do comércio, na cadeia local, na pequena escolinha, e até mesmo na área de uma casa, que segundo suspeitas dos moradores locais, funcionava um cabaré!
O saco aos poucos, ficava vazio, preenchido pelo forte perfume das flores.
Quando a vila acordava Josué já estava longe, já não tinha mais obrigações!
E o povo da vila mais uma vez despertava com o perfume das flores embriagando suas vidas, e ninguém conseguia descobrir o autor de tão maravilhosa obra.
E assim Josué foi enterrado em uma vala comum, na terra úmida e escura. E não me lembro de ter visto algum vaso com flores na sua sepultura!
E também nunca mais o povo da vila acordou com o perfume das flores…


Sejamos todos nós, professores, entregadores de flores… Não importa o lugar, não importa quem as receba, nem mesmo se seremos recompensados pelos governos que passarão diante de nossos olhos.
O mais importante é que em nossas mãos ficarão os perfumes das flores ofertadas, e os nossos ensinamentos se perpetuarão nos corações dos nossos educandos.
AUTOR: Professor Angelo de Souza. Apae de Braço do Norte.”
” Em algum momento perdido no tempo… “

Seus olhos atentos,
E nós,
E eu, diante de tantos, no casulo da sala de aula…
Em que momento perdido no tempo, cada um deles estava lá, sentado a nossa
frente ?
Quantas vezes, inúmeras delas, se dirigiram a nós com interrogações sobre a
vida ?
O que lhes respondi ?
Qual minha parcela de culpa ?
Onde me omiti explicando-lhes sobre valores,
respeito,
consideração,
conduta correta,
caráter ?
Acaso, todos os que neste momento no poder, nos humilham, não estiveram em
bancos escolares ?
Foram estes indivíduos que formamos ?
Algo deu errado…
Algum ingrediente foi esquecido sobre a escrivaninha…
Algo se perdeu no recôncavo do livro fechado…
Palavras abraçadas ao quadro negro, viraram pó de giz…
Algum carinho deixamos de demonstrar-lhes…
Algum beijo perdido não foi sentido em suas frontezinhas suadas ou já
caras barbadas…
Talvez não.
Talvez não sejamos os culpados.
O homem é livre na escolha de seu caminho.
É provável que a ganância tenha predominado sobre o bom senso e o desejo
de poder suplantado a bondade.
E assim sendo, nos será difícil elucidar onde reside nestes governantes obtusos
os valores perenes da educação.

Obrigada. Marina da Silva Pazzini / Brusque.”
“Carta enviada por email A TODOS OS PROFESSORES….SOLIDARIEDADE DOS DIRETORES,

Criciúma, 27 de maio de 2011.

Exmo. Governador do Estado de Santa Catarina
Sr. Raimundo Colombo

Nós, diretores e assessores da 21ª GERED – Gerência de Educação, no anseio de buscar sempre a melhoria da qualidade da Educação Catarinense, preocupados com o desempenho do Governo do Estado do qual participamos ativamente da campanha eleitoral, e temos trabalhado sempre na intenção de que este governo dê certo, fazendo uma excelente administração. No entanto, de alguma forma, compreendemos também que, em algum momento, o governo não teve o suporte necessário para munir-se de informações suficientes, a fim de conhecer a realidade vivida por dezenas de escolas e milhares de professores catarinenses. Na continuidade deste relato, tentaremos explicitar estas angústias que compartilhamos juntos, já que, embora estejamos na situação de gestores, somos, acima de tudo, docentes que amam sua profissão!

O Plano de Carreira dos profissionais da Educação é um fato. É fruto do trabalho docente, de uma categoria que esteve sempre em luta por seu merecido respeito e reconhecimento, tanto da Educação quanto do Governo. O que percebemos no atual momento é que este Governo não chegou a, de fato, ouvir o que esta categoria tem a dizer! Pela leitura feita das discussões em torno da nova tabela salarial, junto aos Governos Estadual e Federal, compreendemos que o nosso Plano de Carreira deveria ter sido respeitado e, pelo acompanhamento que temos tido pela mídia, a intolerância tem partido sempre do Governo! Temos certeza de que, caso apareçam as suficientes informações para que as negociações de fato aconteçam, teremos um outro quadro no Magistério catarinense em breve e a greve cessará rapidamente.

Como gestores, ainda gostaríamos de listar alguns problemas que temos compartilhado há algum tempo, sem retorno, e que nos têm deixado bastante preocupados e já sem muitos argumentos diante da comunidade escolar, justamente porque tentamos manter a boa imagem do Governo do Estado de Santa Catarina:

1) Primeiramente, o ano letivo iniciou-se conturbado, devido à falta de professores (tanto efetivos quanto de ACTs).
A percepção geral foi a de total falta de organização na Secretaria de Educação.
Houve muita demora na indicação dos diretores, o que causou certo desconforto entre os atuais gestores, secretárias e corpo docente.
A licitação de material de expediente, que até hoje não aconteceu, é um dos mais graves problemas que a escola vem sofrendo até o momento: como trabalhar sem materiais como folhas de papel, caneta esferográfica, clipes, lápis…?

2) Em segundo lugar, a estrutura de inúmeras escolas vem sofrendo com a falta de muitas coisas.
As instalações elétricas são inadequadas. O princípio de incêndio é iminente em várias Unidades de Ensino, cujas instalações já foram fotografadas, feitos relatórios, projetos, mas nada ainda foi resolvido. Não queremos e não podemos aguardar uma tragédia ocorrer e parar na mídia negativa, precisamos evitar estes acontecimentos o mais depressa possível.
As reformas estão sendo aguardadas há muito tempo. Há problemas na estrutura física, paredes rachadas, calçadas quebradas, falta de manutenção em prédios antigos, janelas e portas apodrecidas, azulejos quebrados, pisos de sala de aula com tacos antigos, cheios de cupim ou faltando unidades, o que passa a ser perigoso ao bem-estar tanto do aluno quanto do professor; além de visivelmente negativo quando aberto ao público, dando mais uma vez, uma impressão negativa da escola (Projetos como Feiras, Gincanas, Escola Aberta, Concursos Públicos, Palestras, Reportagens…).
Há trabalho sem material suficiente, falta material de higiene pessoal e limpeza, cujas licitações até hoje também não foram realizadas!

3) Em terceiro lugar, gostaríamos de falar quanto à qualificação de nossos pares, os profissionais da Educação, o que incluem os ACTs.
É preciso ressaltar que estamos muito preocupados em como administrar a escola com a falta de profissionais habilitados em sala de aula. Precisamos de docentes que sejam formados em Licenciatura; uma vez que temos recebido muitos profissionais liberais e/ou sem formação docente na área de atuação, o que compromete a qualidade de ensino.
É importante ressaltar ainda que, se Santa Catarina registra importantes e positivos índices no cenário Nacional, isso se deve aos professores efetivos e/ou habilitados que, mesmo não contando com melhores condições de trabalho, fazem um excelente trabalho, dando o melhor de si em sala de aula. Mérito desta mesma categoria que luta pelo seu Plano de Carreira e salários um pouco melhor!

4) Em quarto lugar, queremos registrar, mais uma vez, a necessidade de demonstração de respeito ao profissional de Educação.
O achatamento da tabela salarial, apresentado no projeto enviado, vai desmotivar ainda mais esta categoria, inviabilizando ao professor formado a contínua Especialização. Qual o profissional da Educação quererá seguir em uma Pós-Graduação? E o professor que terminou a Especialização, como terá estímulos para seguir um Mestrado ou Doutorado? E o que já é Mestre ou Doutor, por quais motivos quererá permanecer no Magistério, tendo outras oportunidades que lhe pagarão mais?
Esse desrespeito da nova tabela implicará em um grande esvaziamento de habilitados, falta de procura por cursos de licenciatura nas universidades e um queda irreparável na Educação, trazendo mais mídia negativa e outros inúmeros problemas de ordem comportamental na escola, uma vez que os que estarão lecionando, não terão metodologia nem didática para lidar com os problemas escolares.

5) Em quinto e último lugar, mas não menos importante, precisamos deixar a pergunta: como administrar a escola, diante da negativa do Governo Estadual, após a greve?
Nós, antes de sermos cargos comissionados, somos professores. Diante desse desrespeito, como lidaremos com nossos colegas, na volta da greve? Como administraremos o retorno de nossos companheiros que também estarão lutando por um salário que também é nosso, já que daqui a algum tempo, estaremos de volta às salas de aula?

São questões delicadas como estas que nos deixam preocupados, pois queremos garantir a ordem e o respeito ao Governo do Estado, mas queremos também garantir que seremos todos respeitados como docentes, profissionais de carreira.

Por todas as observações e justificativas acima elencadas, gostaríamos de fazer um pedido nada mais que justo: que fossem reabertas as negociações, mas que, desta vez, o grupo de professores fosse de fato ouvido e que fosse levado em consideração o Plano de Cargos e Salários desta categoria, uma vez que é ele quem garante a formação continuada do profissional da Educação e a conseqüente e permanente qualidade do ensino no Estado de Santa Catarina.

Por termos a certeza de que seremos atendidos e as negociações reabertas, despedimo-nos, mui respeitosamente.

Atenciosamente, Diretores e Assessores da 21ª GERED.”

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Os professores e seus mestres



“Nobre jornalista, depois de muito choro, resolvi escrever para aliviar a dor que sinto na alma. Escolhi o papael como meu confidente e você como interlocutor. Eis minhas reflexões.
OS PROFESSORES E SEUS MESTRES
Mestres!
Hoje os procuro, pois lembrei-me de vocês.
Quantas aulas, ensinamentos
que pensei terem ficado para trás
pensei que eram meras lembranças do passado.
Quantas aulas
Quantos ensinamentos
Quantas palavras que hoje sinto na pele
Quanto sofrimento que pensei apenas ter visto nas lamúrias e gritos dos escravos
No poema de Castro Alves.
Como me lembro daquela poesia forte
daquela súplica:
“Senhor Deus dos desgraçados
Onde estais que não me escutas?”
ou
a desesperança de Drummond em:
E agora José?
A festa acabou
e, arrisco-me a completar
A eleição passou
A caravana festejou
E a realidade para oprofessor se apresentou.
Como é difícil, mestre!
Abrir mão de nossos sonhos e repetir Bethânia em:
Sonhar mais um sonho impossível
lutar quando é fácil ceder
(…)
sofrer a tortura implacável…
Mestres,
Pensamos lembrar vocês
nas nossas vitórias
nos nosso direitos de cidadãos como vocês tanto pregaram
nos exemplos de retidão
na humildade
no valor da palavra empenhada
no respeito
na dignidade
na justiça que não se vende e não se compra
e a cima de tudo na força da palavra EDUCAÇÃO.
Felizmente vocês me ensinaram o valor de tudo isso,
mas, infelizmente hoje, toda a virtude aprendida
repousa apenas nos velhos livros de moral e cívica de suas aulas.
Agora, impera a nossa desvalorização
o descaso
o descrédito
a desesperança
a injustiça
o desrespeito
a insignificância de ser professor
o pouco caso com a EDUCAÇÃO.
Meu Deus,
nunca pensei que os versos de Fagner pudessem fazer tanto sentido
pudessem imprimir em mim
a secura, a fragilidade do ser
a possibilidade de ser…
“Se hoje sou deserto
é que eu não sabia
que as flores com o tempo
perdem a força
e a ventania
vem mais forte…
Tão forte que arrasa tudo o que vem pela frente
me coloca à margem do real sentido de educar
e, silenciosamente, me rouba de mim mesma.
Tdo isso mestres,
faz-me lembrar que hoje somos professores
impotentes
sem voz
sem brilho nos olhos
sem esperança do cumprimento de leis (naquele tempo isso era sagrado)
com sorriso apagado
consequência de não termos levado a sério o que Drummond, em tom de brincadeira, escreveu:
“Mundo, mundo
vasto mundo
Ah, se eu me chamasse RAIMUNDO
seria apenas uma rima
Não uma SOLUÇÃO.”
Queridos mestres!
Ouçam o meu desabafo e me perdoem, porque
eu lhes perdoo por não terem me ensinado a não ser professor.
Perdoo-lhes porque sei que, naquela época, vocês não conheceram o que é, hoje,
a DOR e a DESESPERANÇA de ser professor.
Perdoo-lhes, porque como vocês nos ensinaram, só podemos ensinar aquilo que aprendemos.
Essa não foi a realidade de vocês,
mas, inacreditavelmente, é a nossa.
Sou professora, somos professores.”

“Chora magistério”



: Margot.”
“Boa tarde caro Moacir, mais uma vez agradeço por este espaço e pela consideração conosco. Gostaria de lhe fazer um pedido: que você colocasse essa poesia na página principal é uma singela homenagem aos meus colegas. Obrigada! Att professora Margot.
CHOVE CHUVA, CHORA MAGISTÉRIO!!!
Hoje da minha janela vejo muita água a correr
São as lágrimas do meu magistério que chora por perceber:
Não há valorização da sua carreira;
Numa tabela sem eira nem beira
Não há cumprimento da lei integralmente;
Só um governo que mente.
Não há recursos para o governo pagar o que nos deve
Mas há desvio de finalidades no FUNDEB
Não há dinheiro para do piso a implantação
Mas esqueceram os 25% que devem ser investidos na educação
Não há justiça para categoria
Que pela decisão do STF era só alegria.
Chora meu magistério! Chora!
Que as tuas lágrimas vão molhar a terra
E fazer germinar a semente da esperança
A esperança no amanhã e na justiça
Ministério onde agora paira um mistério:
Julgarão ILEGAL o magistério???
Estamos nós descumprindo uma lei federal?
Não! Somos uma classe unida numa greve constitucional e totalmente legal
Pela observância de uma lei federal
Saímos numa marcha sem igual, foi sensacional…
Chora meu magistério! Chora!
Estás cansado e te sentes humilhado
Pelo governo és ameaçado
Querem te fazer ficar calado
Até teu salário, o pão da tua mesa, te foi tirado
Só por teres lutado e tua situação denunciado.
Chora meu magistério! Chora!
Muitas pessoas agora já estão te julgando
Não percebem que de ti sempre estão precisando
Mas, ergue-te novamente que és salvador
Da sociedade és agente transformador
De todas as profissões és tu o formador
Chora meu magistério! Chora!
Hoje choras a tua dor
Gritas pedindo socorro querido professor
Mas a alegria virá ao amanhecer
Pois a verdade vai prevalecer
Amanhã acordarás triunfante…
Serás pra sociedade novamente figura tão importante
Pois nesta batalha, lutasse feito um guerreiro
A defender a educação dos teus alunos pelo estado inteiro
Chora magistério! Chora!
Mas chora de alegria
Pois a vitória será da democracia. Quem diria….
Começa agora a construção de uma nova história
Esses dias ficarão para sempre em nossa memória
Chora meu magistério! Chora!
Agora chora de emoção, pois hoje toda população
Bate palmas pra ti, bate palmas pra ti
Cantando a tua eterna canção (Professores, protetores das crianças …)
Certamente tu mereces!

Recebam minha singela homenagem colegas do magistério catarinense. Professora

Deputada lança nota de apoio aos professores



“NOTA DE APOIO AO MAGISTÉRIO CATARINENSE
Florianópolis, 22 de junho de 2011
A atual greve dos professores é um dos fatos mais marcantes da luta dos trabalhadores no nosso estado, com a maior mobilização e adesão registradas nos últimos 20 anos. Ao exigir do governo do Estado o cumprimento da lei e o pagamento do Piso Nacional Salarial, o magistério catarinense mostrou união e mobilização. As reivindicações justas desses profissionais por respeito e dignidade ao exercício do seu ofício obteve o apoio da maioria da sociedade.
Nossas crianças e adolescentes estão fora das salas de aula há mais de 30 dias por responsabilidade de um Governo que precisa, urgentemente, cumprir com suas promessas de palanque e corresponder ao que os catarinenses esperam: o comprometimento com os serviços essenciais, como a Educação pública de qualidade.
Diante do rompimento do diálogo, de forma unilateral por parte do Governo de SC, que pretende resolver o impasse com os professores na base de ameaças, medidas autoritárias e ilegais, entendemos necessário reiterar nosso posicionamento:
- Não vamos compactuar com a ilegalidade da Medida Provisória Nº 189 enviada pelo Executivo Estadual para a Assembleia Legislativa. O conteúdo dessa MP modifica vencimentos, altera gratificações, absorve e extingue vantagens dos professores da rede estadual do ensino;
- Repudiamos veemente a postura do Governo do Estado que não se dispõe a negociar o pagamento do Piso Nacional dos Professores, conquistado democraticamente e garantido por lei;
- Da mesma forma, nosso mandato repudia a atitude, que consideramos ilegal, de descontar os dias parados dos professores que buscam, além de melhorias das condições de trabalho, também maior qualidade na Educação;
- Defendemos que a Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina não delibere sobre nenhum projeto de lei de autoria do Executivo enquanto não houver uma solução para a greve dos professores. Nada é mais urgente, neste momento, que garantir a Educação para milhares de estudantes e adolescentes do nosso estado;
- Por último, apelamos para que o Governo restabeleça o diálogo com o Magistério, permitindo a constituição efetiva de uma Mesa de Negociações, viabilizando recursos para o pagamento do Piso Nacional à categoria. Destacamos que o relatório do Tribunal de Contas do Estado aponta que o Governo não cumpre os 25% estabelecidos na Constituição para a Educação. Os recursos, que deveriam ser aplicados na manutenção
e desenvolvimento do ensino, estão sendo utilizados pelo Governo em despesas não relacionadas com a Educação.ANA PAULA LIMA
Deputada Estadual – PT.”

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Inédito: “Você tem experiência?”



Professora Elisete Gadotti envia uma profunda reflexão sobre uma experiência como professora. O texto é longo, mas merece leitura e análise. Confira: “Moacir: Todas as vezes que procuro no seu blog informações sobre nosso movimento, fico imaginando o que pode pensar um jornalista quando recebe tantos textos, manifestações de apoio e até comentários desagradáveis, sobre uma categoria com tantas razões para lutar e ao mesmo tempo nem sempre entendida na sua busca. Mas o que mais me deixa satisfeita é saber que seu trabalho esta unindo numa só corrente professores do sul e norte, do leste e do oeste de Santa Catarina não só na luta mas também na possibilidade de ser informado quase em tempo real dos fatos ocorridos neste incansável trabalho do SINTE e Comando de Greve, junto a intransigência do Governo Colombo. Criticas sempre irão surgir, mas com certeza teremos maturidade para analisar, concordar, discordar sem ofender..
E-mail deveriam ser breves, rápidos mas não consegui conter minha vontade de falar, escrever e encaminho para você o texto que hoje elaborei:
No processo de seleção de várias empresas, os candidatos precisam responder a seguinte pergunta:
‘Você tem experiência’?
O texto abaixo foi adaptado por mim, de uma redação verdadeira desenvolvida por um dos candidatos a cargo em uma grande empresa. Ele talvez tenha sido aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e eu refletindo sobre esse texto coloquei aqui a minha experiência enquanto professora da rede estadual de educação de Santa Catarina.
Esta é a minha versão sobre o tema EXPERIÊNCIA:
Já desafiei o meu Pai e insisti em fazer curso superior na área de Educação.

Já aprendi com meus mestres da FURB – BLUMENAU, inúmeras práticas para trabalhar com Ed. Física, sempre com o melhor material.
Eu já peguei carona com várias pessoas em Blumenau para chegar ao local das aulas sem custos e sem atrasos. E assim consegui me formar em 1985, com muito estudo, esforço e determinação. Usando como espelho os meus professores do ensino fundamental e médio.
Já trabalhei em diversas escolas como ACT, até me efetivar por concurso na rede estadual de educação.

Já vibrei com o aluno que conseguiu pela primeira vez pular num pé só ou pular corda pela primeira vez.
Já vibrei junto com as professoras das séries iniciais, quando os alunos conseguiram ler as primeiras sílabas, e muito mais quando conseguiram escrever as primeiras palavras sozinhas.
Já corri para não perder o ônibus, para chegar no horário na escola.

Já passei do ponto muitas vezes, por ter dormido no ônibus.
Já tomei banho de chuva junto com meus alunos no pátio da escola, jogando bola.
Já almocei durante vários anos na escola.

Já trabalhei 60 horas.
Já fui diretora de escola, onde comunidade e escola caminhavam no mesmo sentido.
Já vendi rifa, bingo, já fui levar alunos para passeios de formatura em Hotel Fazenda.
Já fui a velórios de pais e avós de alunos e até de ex-alunos. E o mais doído, já fui a velórios de alunos.
Já levei alunos para competições, já subi em telhado para tirar bola, para arrumar telhas. Já subi em escadas para pendurar bandeirinhas de festa junina, e já coreografei várias danças.
Já trabalhei na APAE, e levei os alunos para competições onde ficaram alojados fora de casa.
Já organizei Corrida da Amizade, onde a pessoa dita normal corria ou acompanhava o portador de necessidades especiais no percurso estabelecido
Já comprei uniforme para dar aos meus alunos, já coloquei meu carro a disposição deles para não perder horário de competições.

Já participei de campanhas de alimentos para alunos carentes e até para professores.
Já fui buscar aluno em casa.
Já fui pegar aluno gazeando na rua.
Já chorei ouvindo a história de vida de meus alunos.
Já esqueci o nome de muitos alunos…

Já conheci os filhos dos meus alunos e até já dei aula para eles.
Já subi em árvore com meus alunos para pegar fruta.

Já tomei soco de aluno e ouvi do promotor público: “Ele é de menor”, não dá para fazer nada.
Já pensei em chutar o balde e desistir.
Já chorei sentado no chão do banheiro da escola, quando meu pagamento veio errado.
Já li mensagens do tipo: “Antes que chore a minha mãe, que chore a sua”.

Já enfrentei diretoras impostas pelo Governo, já organizei eleição de Diretores, Grêmio e Conselho Deliberativo.
Já comprei cuecas para alunos se trocarem, pois a GERED não licitou papel higiênico.

Já fiz denúncia para ouvidora do Estado e nada foi resolvido.
Já procurei o Ministério Público para denunciar obra da quadra inacabada e ainda não montei o processo.
Já vi meus amigos de profissão em greve (2008) e eu cumprindo horário.
Já vi traficantes na frente da escola, e quando busquei o apoio da Polícia e do Conselho Tutelar não tive respaldo.
Já vi meus alunos envolvidos com drogas… E muitas vezes sem força e apoio para tirá-los.
Já vi meus alunos adolescentes bebendo e fumando sem medo e nem responsabilidade…

Já separei briga de alunos, alunas e até de pais…
Já vi meus alunos dirigindo carro próprio…
Já senti medo de aluno e já enfrentei muitos.
Já os defendi em muitas situações.

Já socorri vários alunos machucados e com fraturas.
Já apostei corrida na praia com meus alunos, já joguei queimada, futebol, vôlei, handebol e basquete com meus alunos.

Já participei de gincanas, passeatas, manifestações.
Já precisei driblar paixões de alunos e alunas.

Já fiz material de sucata, para ser usado por alunos.
Já trabalhei com muito material disponível e com nada para trabalhar.
Já trabalhei em pátio de chão batido, grama, na rua, na praia e em quadra. Mas nunca trabalhei em local fechado, sempre em local aberto. E com isso já passei frio, já me queimei com o sol, já vi trovões e muita chuva.
Já dei aula em sala e no refeitório…
Já fiz escolinha de xadrez e levei meus alunos para competições.
Já fui chamada de Dona,de Profê, e até de Pro.
Já vi meu alunos acordarem as 3horas da manhã para recolher material reciclado, trabalhar até as 12:00 e estudar no período da tarde.
Já vi pais tirando alunos da escola para irem trabalhar…
Já vi alunos desanimados e sem objetivos…
Já vi pais irresponsáveis…
Já vi alunos chorarem pelo primeiro amor…
Já deitei na quadra com meus alunos para ensinar elefantinho, aviãozinho e outras artes mais
Já chorei ao ver amigos partindo da escola ou mesmo desta vida.
Já vi meus colegas chorando pelos filhos doentes, pelos filhos partindo.
Já acompanhei amigos de profissão lutando contra câncer, depressão e outros males. Eu mesma luto contra Síndrome do Pânico.
Foram tantas experiências, momentos fotografados pelas lentes da emoção.
E agora ao ler este e-mail fico pensando, relembrando essas experiências e os anos dedicados à educação e só uma pergunta ecoa no meu cérebro: experiência… experiência… Será que é necessário ter experiência?
Será que ainda vale a pena sonhar …
E encerrando esta releitura do texto preciso perguntar:

EXPERIÊNCIA PARA QUE?
SERÁ QUE ESCOLHI A PROFISSÃO ERRADA?
CURSOS, FORMAÇÃO CONTINUADA PARA QUE?

Como fiz a releitura de um texto que recebi, usei o mesmo na primeira pessoa, mas minha experiência não seria nada sem os colegas de Profissão: professores, especialistas, serventes, merendeiras e direção.
Será que um dia Educação será prioridade para algum governante desse Estado?
Será que são os professores que estão errados?
Será que a experiência que temos, que vivemos será desconsiderada e transformada em poucos reais?
Sinceramente….
Profª Elizete Ana Gadotti,E.E.B. Anita Garibaldi,Meia Praia – Itapema.”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

“Vida de grevista”



“Em minha vida de grevista,
Acordar cedo, o que pra mim é sacrifício, eu que amo a marola do sono e do sonho que vai e vem pela manhã! Pôr uma roupa básica, um tênis, necessário para um dia cansativo. Respirar fundo e… Sair da minha Ilha, rumo a outra.
A outra ilha, que é uma ilha de verdade, estava linda! Como sempre, mas esse dia era especial. Pouco a pouco foram chegando, pessoas de toda parte, as mais diversas, em aparência e idade, mas alguma coisa no olhar, na atitude fazia com que se reconhecessem, mesmo junto aos outros habitantes da ilha. Afinal, pisaram sobre as rosas, acabaram com o jardim e todos estavam lá para protestar!
Lindo! Lindo de ver todo aquele colorido ir tomando conta da passarela e depois tomar conta das ruas! E iam gritando suas decepções, suas angustias, suas aspirações, desnudando pela rua toda uma vida de luta, indignação, decepções! Perante as pessoas que passavam, lá se iam de cabeça erguida, tirando uma a uma, as repressões sentidas por tanto tempo, não mais de cabeça baixa, não mais como os “vadios” , não! De cabeça erguida, de coração aberto, agora como classe trabalhadora, orgulhosa de saber o quão é importante, agora como soldados de uma guerra pela cidadania!
Não é mais uma luta por um piso salarial, é um resgate da dignidade perdida, por uma classe massacrada a tanto tempo!
É um grito a sociedade: “Não somos vadios, cruzamos os braços para que reconheçam, precisam de nós. Muito! Não só para tomar conta de seus filhos enquanto trabalham, mas para que eles tenham um futuro melhor”.
E assim, a cada passo, a cada grito, recuperou-se o orgulho de ser professor, a consciência da importância que temos e quanto, quando unidos, podemos ser fortes e mudar o rumo de uma história!
Em termos salariais, foi apenas mais uma jogada no tabuleiro, mais um moinho de vento derrubado. Mas em termos de conquista foi uma belíssima vitória em uma guerra onde as únicas armas usadas foram a vez e a voz.
Que bom que eu estava lá! Prof: Patricia Reis. E.E.B. Bulcão Viana, Praia Grande.”

Do Blog de Moacir Pereira

terça-feira, 14 de junho de 2011

Jurídico do Sinte lança nova Carta Aberta



A Assessoria Jurídica do Sinte acaba de divulgar nova Carta Aberta aos Professores sobre a greve e as medidas a serem adoadas pelo governo. Seu conteúdo é o seguinte:
“Florianópolis, 14 de junho de 2011.
Prezados Companheiros do Magistério,
Diante de uma série de dúvidas, em decorrência da divulgação, pela mídia, de que o Governo Estadual estaria disposto a “radicalizar” sua postura, cortando o ponto dos trabalhadores grevistas e buscando na Justiça a ilegalidade da greve, bem como diante de denúncias concretas de ameaças nesse sentido, a Assessoria Jurídica do SINTE/SC volta a encaminhar a todos os membros da Categoria do Magistério Estadual, novamente a pedido do Comando de Greve, relevantes esclarecimentos sobre tais questões, nos termos seguintes:

1. Vale ressaltar, novamente, que a Greve dos Trabalhadores do Magistério tem proteção constitucional (art. 9º e do art. 37, VII da Constituição Federal) e já foi, inclusive, garantida pelo Supremo Tribunal Federal (Mandado de Injunção n. 708).
2. Não se pode, da mesma forma, esquecer que temos uma greve diferenciada. Mais do que buscar melhores condições de trabalho e remuneração, essa greve representa a reivindicação justa e legítima pela aplicação da Lei do Piso Nacional, já declarada constitucional pelo STF (ADI n. 4167).
3. Portanto, como acusar de ilegal uma greve que nada mais pretende do que a observância de uma Lei Federal? Não há nessa greve qualquer excesso ou ilegalidade. Há sim a busca dos legítimos direitos da categoria do
magistério.

4. E mais: a Assessoria Jurídica do SINTE/SC afirma que todos os trâmites e procedimentos necessários para a regular deflagração da greve foram integralmente observados! Houve, inclusive, prévia notificação do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado e do Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado da Educação, como manda a lei. A greve é, portanto,
legal e legítima!

5. Nesse sentido, qualquer ameaça de corte de ponto dos trabalhadores grevistas, bem como a sua efetiva implantação, representa clara e inegável ofensa ao direito de greve, o que ofende sim a Constituição Federal.
6. Ademais, havendo o corte do ponto, sem negociação ao final pelo abono das faltas e reposição das aulas, o próprio calendário letivo poderá ser prejudicado e até inviabilizado. Certamente, se isso ocorrer, os trabalhadores estarão desobrigados da reposição das aulas. Se receberem falta injustificada não haverá dever de reposição. O prejuízo nesse caso
será inestimável, alcançando toda a Sociedade catarinense!

7. Cabe, ainda, esclarecer que ninguém poderá ser demitido (Trabalhador efetivo/estável) ou dispensado (Professor ACT), por conta de “faltas de greve”.
8. A “falta de greve” não é uma falta comum (injustificada). Não caracteriza, portanto, “abandono de cargo” para fins de demissão. Segundo vários precedentes judiciais, o abandono de cargo, para fins de demissão, exige a comprovação de que o servidor teve a intenção de abandonar o serviço público (anumus abandonandi). Segue, apenas para exemplificar, a decisão do Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. DEMISSÃO POR ABANDONO DE CARGO. ANIMUS ESPECÍFICO NÃO DEMONSTRADO. ARTS. 132, INC. II, E 138 DA LEI 8.112/90. PEDIDOS DE LICENÇA POR MOTIVO DE
AFASTAMENTO DO CÔNJUGE E DE RECONSIDERAÇÃO DO ATO QUE NEGARA CESSÃO PENDENTES DE APRECIAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça mostra-se pacífica
quanto à necessidade de que a Administração demonstre a intenção, a vontade, a disposição, o animus específico do servidor público,tendente a abandonar o cargo que ocupa, para que lhe seja aplicada apena de demissão. (MS n. 10150/DF, Relator Min. ARNALDO ESTEVES DE LIMA, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/11/2005, DJE 06/03/2006) (grifou-se)

9. Portanto, não se pode aceitar que as “faltas de greve”, não havendo negociação ao final para reposição das aulas, sejam
consideradas para fins de demissão (Trabalhador efetivo/estável) ou dispensa(Professor ACT), por abandono de cargo ou função. O disposto no art. 167, II e § 1° da Lei Estadual n. 6.844/86 (30 dias consecutivos ou 60 dias
intercalados de faltas injustificadas) e no art. 13, V da Lei Complementar n. 456/09 (03 dias consecutivos ou 05 intercalados de faltas injustificadas) não podem ser aplicados para os casos de “faltas de greve”.

10. Inclusive no caso de Contrato Temporário de Professor ACT, dispensado por conta de fim de contrato durante a greve, não sendo caso de retorno do Professor Titular para a disciplina, poderá ser buscada a sua regular renovação, via “procedimentos internos” nas Escolas e nas GERED, já que essa era a prática antes da paralisação, comprovando-se que o contrato somente não foi renovado por conta da greve, o que seria ilegal.
Com esses novos esclarecimentos, a Assessoria Jurídica do SINTE/SC reitera a legalidade e legitimidade da greve, sendo que os prejuízos porventura sofridos pela categoria, coletiva ou individualmente, deverão ser objeto de futuras análises. Lembramos a aplicação da Lei do Piso Nacional reflete a justa e legítima pretensão da categoria, que não pode sucumbir a pressões casuísticas e totalmente ilegais e inconstitucionais.
Reiterando os votos de elevada consideração a toda a Categoria do Magistério Público Estadual, colocamo-nos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos e encaminhamentos.
Cordialmente,
JOSÉ SÉRGIO DA SILVA CRISTÓVAM
ADVOGADO DO SINTE/SC
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. MESTRE E DOUTORANDO EM DIREITO/UFSC.

MARCOS ROGÉRIO PALMEIRA
ADVOGADO DO SINTE/SC
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. MESTRE E DOUTOR EM DIREITO/UFSC.”

Serra em Blumenau



Ontem José Serra esteve em Blumenau para palestrar sobre “o desenvolvimento econômico do Brasil e seus problemas”. O evento aconteceu no Carlos Gomes e o ingresso custava R$ 65,00. Eu pagaria até R$ 200,00 para participar de uma oficina sobre poesia marginal com o Douglas Zunino, mas não pagaria cinquenta centavos para ouvir o Serra discursando sobre o que quer que seja. Parece que o Colombo e Kleinübing estiveram presentes. Eis o X da questão. Se lessem mais poesia e menos receituários pseudoliberais, aposto que já teriam resolvido o problema das greves no município e no Estado.
É que José Serra nada tem a ensinar, tampouco o PSDB. Ambos despontaram em 1988 como um político e um partido de centro-esquerda. Seriam mais ou menos como os petistas, com a importante diferença de que faziam a barba e possuíam diplomas universitários. Logo após a promulgação da nossa última Constituição, chamada “cidadã”, parece que estava chegando o momento de optarmos por uma terceira via político-administrativa.
Era hora de unir o melhor do capitalismo de mercado ao melhor do socialismo democrático, sanando assim a eterna rixa entre a esquerda e a direita. O problema é que o melhor do capitalismo de mercado só pode ser melhor para a minoria reinante, enquanto o melhor do socialismo democrático é um mito pela simples razão de que não existe socialismo democrático. Resultado: durante os dois mandatos de FHC, o PSDB se esqueceu da máxima do Estado Necessário (leiam Anthony Giddens, canalhas!) e começou a trabalhar pela máxima do Estado Mínimo.
Daí a loucura das privatizações suspeitas, do enxugamento de estatais para entregá-las de mão beijada a interesses corporativos internacionais, da corrupção endêmica por trás dos processos de licitação que não foram investigados a fundo pelos jornalões paulistas e cariocas que, de olho num mercado publicitário prestes a encher seus cofres de dinheiro (o das telefônicas, por exemplo, “faz um 21!”), não quiseram detonar um escândalo e atrasar o processo de “modernização” do Brasil. Ao mesmo tempo, enquanto a estabilização da moeda devolvia o poder de compra ao consumidor, a segurança, a saúde, a educação e a previdência desciam pelo esgoto, abrindo todas as portas para o assistencialismo autoritário da Era Lula.
Aí está, em suma, o desenvolvimento econômico proposto pelo PSDB, bem como os seus efeitos colaterais. Mas aposto que não foi isso que Serra, um candidato sem proposta nas últimas lições, falou ontem em Blumenau… Vamos lá, gente, vamos logo para a oficina do Zunino. Aposto que ele faz um desconto.

Maicon Tenfen

segunda-feira, 6 de junho de 2011


Um jogo delicado

Atuando diretamente sobre o impasse da greve e respondendo pelo governo, o secretário adjunto da Educação, Eduardo Deschampas, ficou ligado com os técnicos da Secretaria da Administração. Acompanhou as duas simulações sobre os pedidos prioritários do Sinte e as repercussões financieras. As projeções estarão concluídas esta manhã e serão submetidas ao governador Raimundo Colombo, a quem caberá bater o martelo. Deschamps declara-se um “otimista incorrigível” e diz estar trabalhando por um entendimento.
A presidente do Sinte, Alvete Bedin, também espera que hoje venham boas notícias do Centro Administrativo. A premissa é simples: se o governo faz simulações é porque considerou a contraproposta do Sinte e, portanto, examina a possibilidade de aprová-la, em parte ou no todo.
Um delicado jogo político começa a ser travado a partir desta segunda-feira. O governo teve um pesado desgaste com a greve. Ficou claro que acabou surpreendido com a força do movimento dos professores e a qualificada atuação da nova diretoria do Sinte. Os parlamentares da base aliada estão sendo pressionados em suas bases, como se registrou no fim de semana em Lages. O líder do governo, Eliseu Matos, do PMDB, foi cobrado outra vez por conterrâneos e eleitores. Até conselhos para que deixe a liderança do governo na Assembléia ele recebeu na região serrana. Para se ter uma idéia da nova estratégia do Sinte, até a Casa Militar do Governo tem feito boas referências sobre o nível das ações políticas dos novos líderes.
Raimundo Colombo continua enfatizando que deseja a solução e que continuará as negociações. A greve já foi longe demais. Os professores, por seu turno, também tem limites na mobilização. Com o tempo, a paralisação começa a cansar, e os professores, desanimados, podem perder fôlego.
Nesse enfrentamento, vale mais a competência das partes em avaliar até onde este cabo de guerra pode esticar. Numa greve como esta a capacidade de resistência é muito difícil de ser medida

Moacir Pereira

Vadios

“Vadios”, é o título de comentário enviado por Márcio Roberto Góes. Seu texto: “Durante nossa greve, semana passada estivemos mobilizados no início de uma certa noite, no semáforo da parte baixa da Avenida Barão do Rio Branco, em Caçador, SC… Acompanhavam-nos faixas e cartazes expondo nossa indignação frente às atitudes de um governo estadual que não quer cumprir uma lei federal, fato que já constitui uma ilegalidade daqueles que deveriam lutar pelo cumprimento da lei, afinal foram eleitos pelo povo para representá-lo e defender seus princípios… Porém, existem outros interesses que precisam ser atendidos primeiro, principalmente daqueles que injetaram dinheiro, na maioria das vezes de procedência duvidosa, na campanha daquele que já foi eleito “co lombo” quente e obediente aos princípios do capitalismo que financiou seu pleito…
Lá estávamos nós, fazendo nossa parte, “botando a cara na rua”, pedindo que se cumprisse a lei… Muitos populares se aproximavam, alguns solidários à luta, outros de cara feia, afinal interrompíamos o caminho dos conformados… Virei-me, por um momento para trás e, por entre a vitrina de uma loja infantil que tem nome de bruxa, entre os manequins e mostruários, vi uma moça bonita, certamente vendedora, balbuciava algo de forma a deixar dúvidas sobre o fato de querer ser ouvida… Mas pude ler claramente em seus lábios: V a d i o s…
Pois bem, sou um vadio que passou a infância e adolescência numa família que precisava lutar diuturnamente pela sobrevivência até que um de seus filhos, após ser explorado num chão de fábrica, resolve abraçar a profissão que julgava a mais importante e digna de todas: Professor…
Sou um vadio que estudou todo o ensino fundamental em escola pública, tendo que juntar as moedinhas para comprar os materiais e livros didáticos que, na época, não eram fornecidos pelo governo… Alfabetizado pela própria mãe e complementado pelas cartilhas: Barquinho Amarelo, O menino azul e o livro: Português Dinâmico de quinta a oitava séries…
Sou um honorável vadio que cursou, com a mesma dificuldade, o magistério: quatro anos e meio de ensino médio me preparando para ser professor das séries iniciais… Aprendi lá, muita coisa que nem mesmo a faculdade me ensinou…
Este que vos escreve, é um digníssimo vadio, beneficiário do artigo 170, única opção para os menos abastados cursarem uma graduação no início dos anos 2000, ainda assim, com direito a apenas trinta por cento de desconto no valor das mensalidades…
Mas, a partir da primeira fase do curso de letras, sou um vadio, orgulhosamente atuante em sala de aula, com um infeliz intervalo de dois anos num cargo de confiança, que só me despertou desconfiança perante a politicagem que ainda impera nos bastidores desta política que só dá poder a quem já é poderoso e empobrece quem já é pobre…
Desde que me tornei educador, sou um vadio que trabalha quarenta horas semanais para garantir uma remuneração que não representa nem a metade daquilo que outros profissionais com o mesmo nível de graduação contemplam em seus contracheques…
Sou um magnífico vadio que investiu numa pós-graduação que me deu o título de especialista em análise e produção de texto, a fim de ajudar meus amados alunos a descobrirem o escritor em potencial que existe em cada um deles… Sou vadio do tipo que mostra a cara na rua e na capa do jornal com um único propósito: Dar uma aula de cidadania, com a ajuda de muitos companheiros que ainda alimentam o sonho de uma escola pública de qualidade…
Este magnífico escritor meia-boca encerra com um recado para esta querida vendedora, extensivo a todos que ainda nos incluem o adjetivo “vadio”: Se você tem um emprego digno hoje, se sabe se expressar a ponto de ser vendedora e ter vocabulário suficiente para convencer o cliente da qualidade daquilo se propõe a vender… Enfim, se você é uma cidadã de bem, entre outros, é graças aos vadios como eu que passaram pela sua vida quando esteve em sala de aula… Márcio Roberto Goes.”

Me emocionei ao ler...lembra tbm minha história


Um novo testemunho

“Boa tarde Moacir, obrigada pelo espaço que tens dado à educação em teu blog. Lendo tantos depoimentos tão significativos e verdadeiros resolvi escrever o meu também.
Como muitos outros educadores de SC, sou de uma geração que fez muitos sacrifícios para frequentar a escola. Longas caminhadas, trabalhos fora de casa (empregada doméstica) para garantir o acesso à sala de aula. Nascida no interior da Região Oeste do Estado, assim como meus irmãos, não tive o privilégio da pré-escola. As séries iniciais foram cursadas em uma escola multisseriada onde a professora, uma heroína, dava conta de duas turmas ao mesmo tempo, fazia merenda e limpava a escola com nossa ajuda.
Tive ótimos professores e desde muito cedo aprendi a ter respeito e admiração por esses profissionais que tão exemplarmente doam-se pela educação das pessoas desse país.
Por admiração e carinho segui a mesma profissão. A faculdade cursada a 300 Km de casa exigiu muito empenho e esforço em todos os sentidos. Veja como são as coisas: hoje minha cidade conta com uma Universidade, mas os cursos de licenciatura não formam turma!
Eu realmente gosto de estudar e buscar aperfeiçoamento é uma constante em minha vida. É também uma necessidade de minha profissão. Busquei o mestrado e doutorado na capital. Com todas as dificuldades que podes imaginar: longas viagens, ausência da família, despesas extras (mesmo em universidade pública), a não liberação do estado para estudos. Enfim, apesar disso tudo insisto. Quero ter a melhor formação possível, quero ser uma profissional melhor a cada dia, quero ser exemplo para meus filhos que muitas vezes me perguntam por que não desisto.
Espero realmente não desanimar e mostrar a eles que nada disso é em vão. Conheço o desafio, e como muitos dizem, sabia das agruras desse caminho antes de entrar nele. Porém, não me canso de acreditar que o que está errado pode ser corrigido e que podemos sim, transformar em realidade o sonho de uma estrutura educacional mais digna com alunos mais motivados e professores melhor preparados.
Minha trajetória não é infeliz. Os primeiros anos de magistério logo confirmaram minha vocação. Adoro o que faço, a escola tem sido, ao longo desses quinze anos, minha segunda casa onde realizo com satisfação minhas atividades profissionais. É também onde encontro meus melhores amigos, colegas e alunos. É o lugar pra onde também levo meus filhos, certa de que estão muito bem assistidos. O fato que me preocupa é que este lugar, a minha escola, assim como todo o sistema educacional de SC está ameaçado pela falta de prioridade e organização do Governo e que essa situação, que vem se agravando drasticamente nos últimos anos, tende a ficar muito pior caso não seja revertida em tempo.
Nós, profissionais da Educação de SC tomamos a decisão drástica de entrar em greve. Drástica sim, porque não a desejávamos. Assim como eu, muitos outros têm seus filhos nas escolas em que trabalham e os veem se aulas. Pra mim, como pros demais, o pior é supor que eles podem perder muito mais que
o ano letivo. Podem perder a qualidade de sua formação como cidadãos, a motivação de serem bons profissionais e a crença na justiça. Por isso vamos resistir até que seja necessário para garantir nossos plenos direitos.
Espero sinceramente que a proposta do governo não seja outra vez inaceitável, que ele honre sua função garantindo a certeza de um futuro melhor para a Educação em SC. Grande Abraço,
Professora Soeli Staub Zembruski – EEBNSS, Maravilha – SC.”

domingo, 5 de junho de 2011


03 de Junho de 2011 - 19:12
Ofício contra a greve dos professores gerou protesto em Gaspar
Jornal Metas
 
Oliveira questionou o uso das escolas. Rampelotti apoia a greve
Oliveira questionou o uso das escolas. Rampelotti apoia a greve / Foto: arquivo Jornal Metas
Um ofício encaminhado pela Secretaria de Estado da Educação (SED) aos diretores de escolas da rede estadual virou tema da Câmara de Vereadores de Gaspar. A bancada do PT decidiu reagir ao documento, que orienta diretores a não participar da greve de professores, com uma moção de repúdio, que foi aprovada na terça-feira (31) por sete votos a dois. 
Votaram contrários ao repúdio, os vereadores Celso de Oliveira (PMDB) e Laércio Krauss (PSB). Segundo os autores da moção, o ofício da SED ameça diretoes de escolas e professores ACTs (Admissão em Contrato Temporário), determinando que estes  não tenham os contratos renovados no período de greve, caso participem do movimento. “É preciso reagir a toda ação que proíba o homem da liberdade de expressão, todos devem ter o direito de se manifestar”, afirmou o líder do governo na Casa, José Amarildo Rampelotti (PT).
Suplente em exercício no lugar de Joceli Campos Lucinda (DEM), Krauss foi contrário por concordar com as orientações da SED em impedir que ocorra manifestações dentro das unidades de ensino, opinião compartilhada por Oliveira.  “As manifestações devem ser fora do ambiente escolar, não podemos admitir manifestação dentro das escolas”, ressalta.
Assinado pela diretora de Desenvolvimento Humano, Elizete Freitas e pela diretora de Educação Básica, Gilda Maria Marcondes Penha, o ofício da SED 691/11 foi expedido em maio com orientações gerais aos gestores escolares. 
O documento vazou na internet e foi divulgado por jornalistas em sites com alcance nacional. Leia abaixo alguns trecho do documento. A moção da Câmara de Vereadores será encaminhada ao governador Raimundo Colombo (DEM) e ao secretário Estadual de Educação, Marco Tebaldi.
Os pontos polêmicos do ofício da SED

2 - O Diretor da Escola e o Assessor da Direção devem, durante a greve, permanecer na unidade escolar conforme os horários estabelecidos no início do ano letivo, garantindo o atendimento a pais e alunos no turnos normais de funcionamento da escola.
3 - Não é permitida a utilização das instalaçoes das unidades escolares para a realização de assembleias ou reuniões para tratar de assuntos relacionados à greve.
13 - Para o professor ACT que aderir à greve e tiver o término do seu contrato em meio ao período da manifestação,  não será concedida prorrogação/renovação de contrato.
14 - Para o professor ACT que não aderir ao movimento e tiver o término do seu contrato em meio ao período da manifestação será concedida prorrogação/renovação de contrato somente mediante comprovação da unidade escolar que o mesmo vem ministrando aulas regularmente.