domingo, 7 de novembro de 2010

SABEDORIA BRASILEIRA

De: Cepec- Centro de Estudos Politicos Econômicos e Culturais <
www.cepec.org1@gmail.com >
Para: undisclosed-recipients
Assunto: OPINIÃO
Enviada: 06/11/2010 10:39
 
Sabedoria brasileira
 
 
 
Dilma Rousseff venceu o senso comum dos especialistas. Atropelou o
preconceito. Passou por cima do machismo. Teve gente trabalhando
duramente para transformar virtudes em defeitos. Ter sido guerrilheira
na luta contra a ditadura militar brasileira é uma qualidade. Ter sido
presa, aos 23 aninhos de idade, por defender seus ideais, é uma lição
de moral. Ter sido torturada sem entregar companheiro algum é uma
grandeza. Precisou recuar em alguns pontos. O jogo eleitoral não
permite andar sempre em linha reta. Alcançou o objetivo. Tem todas as
condições de fazer um excelente governo. É garantido? Claro que não.
Mas é bastante possível. A base está estabelecida. A semente foi
lançada. É só continuar.
 
José Serra fez tudo errado. Pisoteou a sua biografia. Oriundo da
esquerda, abrigado num partido de centro, adotou um discurso de
extrema-direita na esperança de ganhar a marteladas. Quanto mais
sentia a vitória escapar, mais se atolava na retórica da maledicência
e da simplificação. Foi mais a candidatura do tosco Índio da Costa,
uma figura menor que voltará para o seu glorioso anonimato, do que a
de um social-democrata. Luiz Inácio, mais uma vez, bateu o doutor FHC.
Mergulhou na campanha. Fez ver que sua presença trazia pontos
positivos para a sua candidata. FHC andou sempre meio de lado,
entrando sem querer entrar no jogo, seja por vaidade, acha que um
ex-presidente deve viver sozinho na lua, seja por medo de prejudicar o
seu candidato.
 
Os "videntes" erraram tudo. Deve ter sido por isso que o polvo Paul
morreu pouco antes da votação do segundo turno brasileiro. Morreu
certamente de vergonha dos especialistas brasileiros. Quem não lembra
do tal Montenegro, o cara do Ibope, garantindo que Serra massacraria
Dilma, a sem carisma? Quando a revista Veja e o jornal O Estado de S.
Paulo passaram a jogar pesado para eleger José Serra, parte da
população percebeu a artimanha. O Brasil vem mudando. Em alguns
aspectos, contudo, parece nunca mudar: Minas Gerais (Dilma) e São
Paulo (Temer) estão novamente no poder, como na época da política do
café com leite da República Velha. Os tempos são outros. A mulher
tomou o poder. Minas levou a melhor.
 
No país da corrupção endêmica, o roto falou do descosido o tempo todo.
Nada mais hilariante do que ouvir o Dem do mensalão de Brasília
pregando moral contra o mensalão do PT. Nada mais paradoxal do que
ouvir o PMDB gaúcho atacando o governo por aparelhamento do Estado.
Logo o PMDB que desistiu de chegar ao topo do poder para ter sempre a
possibilidade de aparelhar o Estado! Ri muito durante esses meses
todos. Fui acusado de tudo um pouco. Tem gente achando que sou
petista. Continuo o mesmo. Um franco-atirador solitário e implacável.
Miro sempre na burrice, na contradição e no preconceito. Dilma ter
sido guerrilheira sempre me pareceu um belo cartão de visitas. Os
Estados Unidos têm seu primeiro presidente negro. A Bolívia tem um
índio. O Brasil, depois de um operário, terá uma mulher. Só Veja não
vê os avanços.
 
JUREMIR MACHADO DA SILVA | juremir@correiodopovo.com.br

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