segunda-feira, 28 de março de 2011


28 de março de 2011 | N° 9122AlertaVoltar para a edição de hoje

ENSINO PÚBLICO

Escolas do Estado têm que melhorar muito

Estudo de organização internacional mostra as principais deficiências do setor e as formas para resolvê-las



Um estudo inédito no Brasil, realizado em Santa Catarina por uma organização internacional, apontou as principais deficiências do ensino no Estado. Os problemas estão por todos os lados: alunos mal avaliados, professores trabalhando muito e ganhando pouco, infraestrutura precária na bibliotecas e falta de acessibilidade para alunos portadores de deficiência. O levantamento custou 135 mil euros (R$ 317,2 mil) aos cofres do governo do Estado, que admite: não há prazo para que as melhorias sejam feitas.

Os 10 especialistas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) visitaram escolas, universidades e ONGs. Conversaram com professores, diretores, alunos e especialistas. Ficaram um ano debruçados sobre os dados. O resultado foi um relatório de 373 páginas, centenas de recomendações.

Mas a sociedade verá algum retorno deste investimento? O diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação (SED), Eduardo Deschamps, garante que sim, apesar de não dar prazos. Algumas devem aparecer nos próximos anos, outras demoram mais.

– As questões de infraestrutura são mais simples de serem resolvidas. Já as que pedem mudança na lei e as qualitativas, que resultam nas melhorias de índices, levam mais tempo.

Ele conta que o relatório já está orientando o planejamento de ações da secretaria. Além disso, será criado o Plano Estadual de Educação.

O ex-diretor da Educação Básica da SED, que acompanhou os especialistas, Antônio Pazeto, diz que as mudanças profundas podem ser feitas desde que haja coragem.

– As mudanças pedem uma ruptura. Por muitos anos, só se fez uma reforma, mas era preciso mudar.

O Diário Catarinense levantou alguns pontos do relatório e questionou o diretor-geral da secretaria sobre o que será feito a respeito. Veja as respostas abaixo.

julia.antunes@diario.com.br



JÚLIA ANTUNES LORENÇO
Avaliação dos estudantes
O QUE DIZ O RELATÓRIO
Questiona o modelo de notas dadas aos alunos, que é numérico. Como não existe uma descrição do que essa nota representa, ou que indique o nível de conhecimento do aluno, ela não fornece um retrato do que o estudante consegue fazer com aquele conteúdo. A organização considerou as notas subjetivas e arbitrárias. Isso pode explicar as diferenças no desempenho dos estudantes em sala de aula e nas avaliações nacionais, como Prova Brasil, feita no final do quinto e nono ano do fundamental. A OCDE considerou o desempenho do Estado insatisfatório e que precisa melhorar.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
- As avaliações nacionais, como Prova Brasil e Pisa, dão informações úteis sobre a qualidade de ensino. Mas o resultado não chega a professores e alunos. Não existe um feedback. A SED deveria garantir que as estatísticas nacionais sejam analisadas e comunicadas de maneira útil para escolas e educadores.
- Os professores dão notas numéricas para os alunos, que não sabem direito o que elas representam concretamente. A Secretaria de Educação deve listar diretrizes claras para que docentes e diretores consigam avaliar o quanto um aluno aprendeu e se tem condições de passar de ano.
O QUE DIZ O GOVERNO DO ESTADO
Será criado o Sistema de Avaliação Institucional, que vai avaliar os resultados de provas nacionais. Para cada uma, será feito um seminário, para apresentar o desempenho às escolas. Em relação às notas, o diretor acredita que é necessária uma avaliação pedagógica. Para ele, cabe ao professor chamar o aluno para uma conversa e explicar por que ele recebeu aquela nota. Ele garante que isso e outros aspectos da relação professor-aluno serão passadas para os docentes em capacitação e formação continuada.
Acessibilidade nas escolas
O QUE DIZ O RELATÓRIO
Apesar de o Estado abrir as portas das escolas da rede para crianças com deficiência, poucas frequentam um colégio convencional. SC não tem levantamento de quantos são os estudantes com deficiência, por isso muitos são “invisíveis” para o sistema, não frequentam escolas ou abandonam os estudos antes do tempo. Em 2009, foram investidos 3,4% do orçamento em educação especial, considerado baixo pela OCDE. A entidade ainda constatou que as Apaes acabam sendo os únicos lugares que pais, escolas e autoridades conseguem recorrer para atender essas crianças.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
- Garantir que crianças com deficiência tenham acesso à educação. A maior parte desse trabalho fica por conta da Fundação Catarinense de Educação Especial, Apaes e ONGs.
- Melhorar o levantamento de dados sobre crianças com necessidades especiais.
- Investigar até que ponto os estudantes com deficiência são prejudicados pela acessibilidade da escola: transporte, condições de acesso à entrada e no interior e instalações nos banheiros. Também é preciso observar o material didático, a presença de um assistente e o tamanho das salas.
O QUE DIZ O GOVERNO DO ESTADO
O diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação garante que acessibilidade nas escolas faz parte do planejamento estratégico. Está prevista uma articulação melhor com as entidades que cuidam de crianças especiais, para que todas possam frequentar um colégio. Fazer adaptações físicas também está nos planos, além de oferecer um atendimento melhor. Para ter dados mais precisos, não só de pessoas com necessidades especiais, uma assessoria de análise e estatística, dentro da SED, está sendo criada.
Valorização dos professores
O QUE DIZ O RELATÓRIO
Para a OCDE, os professores são peças-chaves para melhorar a qualidade de ensino, e por isso deveriam ter posição de destaque. Os técnicos constataram que a profissão está em declínio e a imagem é negativa. Eles acreditam que o sistema de turnos e o excesso de alunos prejudicam o tempo do professor para preparar as aulas. Muitos educadores precisam trabalhar até 60 horas por semana, o que acarreta estresse. Outro ponto negativo foi em relação aos professores temporários, que não se dedicam como deveriam a uma escola, porque não têm estabilidade de emprego.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
- Melhorar a imagem do professor. Hoje, além de não atrair interessados qualificados, não proporciona satisfação.
- A carga de trabalho é muito pesada e deve ser reduzida.
- Tem que ter aumento de salário (o salário-base é de R$ 609, somado a essa quantia está a regência de classe e prêmio Educar, o que chega aos R$ 1.024, antigo piso salarial. Em fevereiro, ele foi reajustado pelo MEC e está em R$ 1.187).
- O método de nomeação e indicação de diretores de colégios tem que ser reformulado.
O QUE DIZ O GOVERNO DO ESTADO
Foram formadas comissões da secretaria e do sindicato para debater o aumento do piso salarial. A carga horária está sendo revista. São questões mais complexas, porque esbarram no orçamento do Estado. Outro aspecto que passa pelo orçamento é fazer concursos para diminuir a quantidade de ACTs. Com a municipalização do ensino fundamental, prevista para acontecer nesta gestão, também será reduzido o número de ACTs. Quanto à nomeação de diretores, eles estão estudando como o processo é feito em outros estados.
Disciplinas e livros
O QUE DIZ O RELATÓRIO
Existem oito matérias obrigatórias para o ensino fundamental e 12 para o ensino médio. Não há disciplinas optativas, exceto para o ensino religioso. Para a OCDE, há uma discordância entre conteúdo oferecido e o tempo disponível para aprender. A entidade considerou o currículo rígido, sem permitir flexibilidade de horários, necessária para uma educação mais inclusiva. As matérias são vistas como isoladas e não há interdisciplinaridade. Sobre os livros utilizados em sala de aula e distribuídos pelo MEC, é preciso oferecer também mapas, dicionários, livros de literatura.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES
- A discordância entre número de matérias obrigatórias e o tempo disponível para a aprendizagem precisa ser resolvida. Uma nova abordagem pedagógica é necessária. Aumentar o tempo das aulas ou reduzir o conteúdo curricular.
- Investir nas bibliotecas, já que muitas escolas, principalmente as de regiões mais pobres e de zona rural, oferecem apenas os livros adotados em sala de aula. Elas precisam ter bons dicionários, atlas e enciclopédias.
- Comprar livros de leitura e histórias para anos iniciais do ensino fundamental.
O QUE DIZ O GOVERNO DO ESTADO
Todas as bibliotecas das escolas públicas de Santa Catarina serão reorganizadas, não só com a compra de livros, mas com a contratação de bibliotecários. Para Deschamps, bibliotecas sem profissionais acabam sendo somente depósitos de livros.
Quanto ao currículo, não foi falado em diminuir as disciplinas. O diretor disse apenas que será feito um trabalho interdisciplinar maior, para que um assunto seja abordado em conjunto por várias matérias e possa ser incorporado no cotidiano dos estudantes.
A OCDE e o relatório
- A organização, com sede em Paris, é formada por 34 países, que coordenam políticas econômicas e sociais.

- Para fazer a avaliação do setor no Estado, foram chamados técnicos de países como Canadá, Suíça, Coreia do Sul, Áustria e Irlanda.

- Por uma semana eles estiveram em SC, no segundo semestre de 2009, visitando 34 cidades e mais de cem instituições.
- O trabalho é inédito no Brasil e comum em outros países. Chile e nações do Oriente Médio, por exemplo, já recorreram à entidade, para terem o mesmo relatório.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Grupo de estudantes apresenta pauta para educação no Palácio do Planalto

Na companhia do ministro Fernando Haddad (Educação), presidenta Dilma recebeu grupo de estudantes
no Palácio do Planalto sob liderança dos presidentes Augusto Chagas (UNE) - ao lado da presidenta -
e Yann Evanovich (UBES) - ao lado de Haddad. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

A presidenta Dilma Rousseff recebeu, nesta quinta-feira (24/3), no Palácio do Planalto, um grupo de estudantes universitários e secundaristas que participaram de manifestações na Esplanada dos Ministérios. Sob liderança dos presidentes da UNE (União Nacional dos Estudantes), Augusto Chagas, e da Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), Yann Evanovick, o grupo de estudantes foi recebido, num primeiro momento, pelo secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e em seguida todos se reuniram com a presidenta Dilma, que se fez acompanhar pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.

Após a reunião, Chagas e Evanovick conversaram com jornalistas sobre o encontro. Eles informaram que as entidades que representam os estudantes apresentaram à presidenta Dilma a pauta de reivindicação para o setor de educação. Segundo Chagas, a pauta contempla destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor e 50% da receita do fundo proveniente do pré-sal também para o sistema educacional. Evanovick afirmou que a presidenta Dilma mostrou-se sensível ao pedido dos estudantes.

Durante a conversa, os estudantes solicitaram que as conquistas obtidas no Congresso Nacional não sejam vetadas pela presidenta em matérias que devem virar leis. De acordo com o presidente da Ubes, as entidades apresentaram 59 emendas em projeto de lei que tramita na Comissão de Educação da Câmara que trata do plano nacional de educação.

Diretoria da UNE e da UBES posam para foto com
presidenta Dilma e ministro Fernando Haddad (Educação) no Palácio do Planalto.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
“O plano prevê 7% do PIB para educação entre 2011 e 2020. Achamos fundamental que seja aumentado para 10% do PIB”, disse Evanovick.

domingo, 20 de março de 2011


Rio de Janeiro, 20 de março -   Hoje, o Brasil é democracia plena, afirmou Obama em discurso no Theatro Municipal. Foto: AFPObama é aplaudido de pé após discurso
Foto: AFP


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou na tarde deste domingo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Obama chegou ao Brasil no último sábado e a primeira cidade que visitou foi Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff. Após o discurso, o presidente americano voltou ao hotel em que está hospedado no Rio e deve deixar o Brasil nesta segunda-feira de manhã.
Confira na íntegra o discurso de Obama:
"Alô, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa. Boa tarde todo o povo brasileiro.
Desde o momento em que chegamos, o povo desta cidade tem mostrado a minha família o calor e receptividade de seu espírito. Obrigado. Quero agradecer a todos por estarem aqui, pois sei que há um jogo do Vasco ou do Botafogo. Eu sei que os brasileiros não abrem mão do futebol.
Uma das primeiras impressões que tive do Brasil veio de um filme que vi com minha mãe, "Orfeu Negro". Minha mãe jamais imaginaria que minha primeira viagem ao Brasil seria como presidente dos EUA. Vocês são mesmo um "país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza".
Ontem tive um encontro com sua presidente Dilma Rousseff e hoje quero falar com vocês sobre as jornadas dos EUA e do Brasil, que são duas terras com abundantes riquezas naturais. Ambos os países já foram colônias e receberam imigrantes de todo mundo. Os EUA foram a 1ª nação a reconhecer a independência do Brasil. O primeiro líder brasileiro a visitar os EUA foi Dom Pedro II.
No Brasil, vocês lutaram contra a ditadura, lutando para serem ouvidos. Mas esses dias passaram. Hoje, o Brasil é um país onde os cidadãos podem escolher seus líderes e onde um garoto pobre de Pernambuco pode chegar ao posto mais elevado do país. Foi essa mudança que vimos na Cidade de Deus. Quero dar os parabéns ao prefeito e ao governador pelo seu excelente trabalho. Mas não se deve olhar para a favela com pena, mas como uma fonte de artista, presidentes, pessoas com soluções.
Vocês sabem que esta cidade não foi minha primeira escolha para os Jogos Olímpicos. Porém, se os jogos não pudessem ser realizados em Chicago, o Rio seria minha escolha. O Brasil sempre foi o "país do futuro", mas agora esse futuro está aqui.
Estou aqui para dizer que nós, nos EUA, não apenas observamos seus sucessos, mas torcemos por ele. Juntos, duas das maiores economias do mundo podem trazer crescimentos. Precisamos de um compromisso com a inovação e com a tecnologia.
Por isso, também, queremos ajudá-los a preparar o país para os jogos. Por isso somos países comprometidos com o meio ambiente. Por isso a metade dos carros daqui podem circular com biocombustível. E por isso estamos buscando o mesmo nos EUA, para tornar o mundo mais limpo para nossos filhos.
Sendo o Brasil e os EUA dois países que foram tão enriquecidos pela herança africana, temos que nos comprometer com a ajuda à África. Também estamos ajudando os japoneses hoje. Vocês, aqui no Brasil, receberam a maior imigração japonesa no mundo.
Os EUA e o Brasil são parceiros não apenas por laços de comércio e cultura, mas porque ambos acreditam no poder da democracia, porque nada pode ser tão poderoso para levar milhões de pessoas, que subiram da pobreza, para a classe média, o fizeram pela liberdade.
Vocês são a prova de que a democracia é a maior parceira do progresso humano. A democracia dá a maior esperança de que todos serão tratados com respeito. Nós sabemos, nos EUA, como é importante trabalhar juntos, mesmo quando não nos entendemos. Acreditamos que a democracia pode ser lenta e que ela vai sendo aperfeiçoada com o tempo. Mas também sabemos que todo ser humano quer ser livre, quer ser ouvido, quer viver sem medo ou discriminação. Todos querem moldar seu próprio destino. São direitos universais e devemos apoiá-los em toda parte.
Onde quer que a luz da liberdade seja acesa, o mundo se torna um lugar melhor. Esse é o exemplo do Brasil. Brasil, um país que prova que uma ditadura pode se tornar uma próspera democracia e que mostra que um grito por mudanças vindo das ruas pode mudar o mundo.
No passado, foi aqui fora, na Cinelândia, que políticos e artistas protestaram contra a ditadura. Uma das pessoas que protestaram foi presa e sabe o que é viver sem seus direitos mais básicos. Porém, ela também sabe o que é perseverar. Hoje ela é a sua presidente, Dilma Rousseff.
Sabemos que as pessoas antes de nós também enfrentaram desafios e isso une as nossas nações. Portanto, acreditamos que, com a força de vontade, podemos mudar nossos destinos. Obrigado. E que Deus abençoe nossas nações."

sábado, 19 de março de 2011

STF julga lei do piso nacional dos professores

Por Amanda Cieglinski
Brasília – O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira 17 o julgamento da lei que criou o piso nacional do magistério. Há dois anos, a Corte negou pedido de liminar a cinco governadores que questionaram a constitucionalidade da lei que determinou um piso de R$ 950 a professores da educação básica da rede pública com carga horária de 40 horas semanais. Falta agora o julgamento do mérito da matéria, aguardado com ansiedade pela categoria.
A suspensão da análise da matéria pelo STF criou um clima de “insegurança jurídica”, alega a secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli. Segundo a entidade, alguns prefeitos se valem do imbróglio para não pagar o piso, atualizado em 2011 para R$ 1.187,14. Não existe um levantamento oficial sobre as redes de ensino que cumprem a lei.
“Quando o prefeito ou o governador diz que não vai pagar porque a lei ainda não foi julgada constitucional, é muito difícil a gente fazer com que ele assuma o compromisso. Com certeza a conclusão da análise da lei será muito positiva”, afirma. Entretanto, Marta acredita que é “difícil” que o julgamento comece hoje, já que a ação é o 11° item da pauta do dia. O relator da matéria é o ministro Joaquim Barbosa.
A ação foi impetrada em 2008, mesmo ano de sua sanção, pelos governadores de Mato Grosso do Sul, do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Ceará. Além da constitucionalidade da norma, também foram questionados pontos específicos da lei como a regra de que um terço da carga horária do professor deverá ser reservada para atividades extraclasse como planejamento de aula e atualização. Esse dispositivo foi suspenso pelos ministros do Supremo à época e pode voltar a ser discutido hoje.
Outra divergência está no entendimento de piso como remuneração mínima. Para os professores, o valor estabelecido pela lei deveria ser entendido como vencimento básico: as gratificações e outros extras não poderiam ser incorporados na conta do piso. Mas os ministros definiram, ainda no julgamento da liminar, que o termo “piso” deve ser entendido como remuneração mínima a ser recebida. Esse entendimento também pode ser reavaliado durante o julgamento de mérito da ação.
Para Marta, será uma “frustração geral” caso o Supremo mantenha o entendimento de piso como remuneração mínima. “Incluir um monte de penduricalhos no contra-cheque é uma prática que se consolidou nas redes públicas estaduais e municipais. Mas precisamos de um plano de carreira com estrutura. Quando a gente diz que o piso é o vencimento básico significa que aquele deve ser o valor pago quando o profissional ingressa na rede. A partir disso você estabelece um plano para que ele tenha perspectiva de crescimento na carreira”, argumenta.

Brasil quer relação de igual para igual com Estados Unidos, diz Patriota

Por Renata Giraldi
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou nesta quinta-feira 17 que a visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no próximo fim de semana deve representar, sobretudo, o estabelecimento de um novo patamar nas relações entre os dois países. Ele disse que o Brasil quer uma relação de igual para igual, sem confrontação.
“O Brasil quer uma relação de igual para igual. As circunstâncias no mundo de hoje favorecem isso”, afirmou o chanceler. “O Brasil se consolidou como democracia”, acrescentou, lembrando que as fontes renováveis no Brasil são 45% da matriz e que os brasileiros estão envolvidos em vários temas de interesse global.
Patriota disse que o governo do Brasil participa de várias frentes de articulação na América Latina, na África, no Oriente Médio e nos países desenvolvidos. “Estamos em articulação com os nossos vizinhos e com o mundo em desenvolvimento, que oferecem frentes múltiplas de cooperação. Queremos multipolaridade da cooperação, não da rivalidade, do protagonismo e da confrontação”, afirmou.
Segundo o chanceler, a expectativa é que Obama sinalize favoravelmente à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ao ingresso do Brasil como membro permanente. Ele reconheceu, no entanto, que apenas a sinalização não resolverá o impasse que há no órgão em decorrência da divergência interna – dos favoráveis e dos contrários à reestruturação do conselho.
“Uma manifestação dos Estados Unidos não vai afetar dramaticamente os acontecimentos, pois envolve entendimentos nas Nações Unidas, a aprovação da maioria de dois terços [dos 15 integrantes do conselho, ou seja,  o apoio de dez países] e a ratificação dos cinco membros permanentes. [Mas] um discurso dos Estados Unidos é um dado significativo”, disse Patriota.
O ministro ressaltou que Obama, em 2009, já havia indicado que tinha interesse em conhecer o Brasil. Segundo ele, esta é a nona visita de um presidente norte-americano ao Brasil e ocorre na melhor fase vivida no país.
“Dos nove presidentes americanos que visitaram o Brasil, esta será a ocasião em que um presidente norte-americano encontrará o país em melhores condições econômicas, políticas e com um perfil internacional elevado, uma diplomacia muito ativa, um alcance verdadeiramente global da diplomacia”, afirmou.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Recebi por e-mail do companheiro Luiz

'Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem." Rosa Luxemburgo

Atenciosamente

Afinal: o que está acontecendo com a juventude universitária da FURB? Ou não é mais juventude, ou não sabe o que é ser universitário.
Uma pontuação importante acerca da juventude é aquela que diz respeito a uma postura de vida que olha o passado como possibilidade para o futuro, e uma pontuação importante para este tipo de olhar sobre o passado é a que posiciona a crítica, e o reordenamento do mundo em novas bases.
Por estas duas pontuações anteriores é que se explica a tensão provocada pela presença do Luis Carlos Prates na FURB ontem. Há os que se sabem jovens e que nisso se dão conta de sua tarefa sobre o mundo: protestam, desconfortam o silêncio de tumbas tão presente na universidade atual. Jovens que buscam um mundo com outras medidas e, nisso, descobrem que tudo que sabem ainda é pouco, muito pouco para fazer este mundo ser.
Por isso estes jovens pronunciam, por sobre o discurso conservador, sua esperança acerca do mundo: um mundo de liberdade e alegria, um mundo novo! Por isso, justamente talvez por isso, estes jovens da FURB tenham incomodado tanto no protesto de ontem: estão dizendo que querem e merecem mais... muito mais do que a mediocridade de uma figura que não é capaz de desenvolver, com propriedade e sentido, um único argumento sobre a vida.

E é imensamente triste ver que aqueles que deveriam constituir-se como "liderança" dos jovens rumo a um mundo diferente, se comprazem com a fragilidade de estúpidas palavras que, mais do que propagar o preconceito, fazem por matar os sonhos. Os que pela vida foram se tornando sábios compreendem que não há futuro possível na ausência dos sonhos! Parabéns aos que jovens e universitários, em sua ousadia, retomam em ato a convicção de que o futuro será parturido com os nossos grandes e melhores sonhos. E isso não tem conservador ou reacionário que seja capaz de nos tirar!
Um abração,
Catarina       

quinta-feira, 17 de março de 2011

País Hoje às 18h28 - Atualizada hoje às 18h29 Comissão do Senado aprova mandato de 5 anos e fim da reeleição Portal Terra Publicidade A Comissão da Reforma Política do Senado decidiu, na tarde desta quinta-feira, propor a manutenção do instituto do voto obrigatório e o fim da reeleição, com mandato de cinco anos para os executivos municipais, estaduais e federal. As novas propostas se somam às definidas na última terça-feira, quando os membros da comissão manifestaram-se a favor de mudanças na suplência de senador e na data da posse dos chefes do Executivo. As informações são da Agência Senado. Dos 15 integrantes da Comissão da Reforma Política, apenas três foram favoráveis à implementação do voto facultativo: os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Itamar Franco (PPS-MG) e Francisco Dornelles (PP-RJ), presidente da comissão. Demóstenes argumentou que, mesmo obrigado por lei a ir às urnas, o eleitor ainda assim só vota se quiser. Ele assinalou que a multa imposta como penalidade ao não comparecimento é irrisória e o juiz eleitoral quase sempre isenta o eleitor ausente do pagamento levando em conta a condição econômica do eleitor. "Também não acredito nessa história de politização, pois o Estado de São Paulo, que é considerado o mais politizado do país, elegeu o Tiririca", afirmou. Itamar defendeu o voto facultativo alegando que se trata do pleno direito de liberdade de expressão. Ele sugeriu que, em caso de não se chegar a um consenso sobre a matéria, que se faça uma consulta popular nas próximas eleições sobre a obrigatoriedade do voto. Dornelles, por sua vez, disse acreditar que o voto obrigatório e o proporcional são os maiores responsáveis pela distorção do sistema político brasileiro. O fim da reeleição e a instituição do mandato de cinco anos para prefeito, governador e presidente da República obteve quase a maioria dos votos. Apenas o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) foi favorável à manutenção da reeleição. Para ele, "quanto mais eleição melhor" e, se o eleitor estiver feliz com a administração do governante, deve ter a opção de reconduzi-lo por mais um mandato. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC), por sua vez, disse que até concordaria em manter a reeleição, desde que o governante fosse obrigado a se desincompatibilizar do cargo para concorrer.






sexta-feira, 11 de março de 2011

 O Brasil que queremos

Para este III Congresso do PT todos os temas sobre o Brasil são importantes, seja relacionado a economia, políticas sociais ou democracia.

Lembremos que o Brasil passou à Republica em 1889, porém sem voto feminino até 1932, que ocorreu em meio a uma ditadura, ou seja, antes de se completar o direito ao voto já experimentamos o que é ditadura. Depois foram 19 anos de democracia e mais 20 anos de ditadura e agora passamos de duas décadas de democracia, pela primeira vez na história.

Num período de consolidação da democracia brasileira, como afirmou Lula no dia 29 de outubro passado, há uma conjuntura favorável para avançar, com mais rapidez, na construção de uma democracia brasileira que funcione.

Não existe um modelo democrático ideal, depende da situação história e da cultura política de cada país e requer mudanças permanentes.

Um indicador interessante para embasar essa discussão é conhecido por “latinobarometro”. Uma pesquisa de opinião, realizado por uma empresa chilena, desde 2001, no qual o Brasil se encontra numa situação pouco privilegiada. Os países com os melhores indicadores democráticos são Uruguay, Chile e Venezuela, o Brasil aparece no final do grupo intermediário que antecede os últimos da lista que são Guatemala, El Salvador e Paraguay.

São vários temas abordados e o desafio é analisar o que são causas e consequencias.

O sistema eleitoral e a falta de partidos políticos consolidados, incapazes de melhorar a credibilidade das instituições públicas, combater a corrupção e melhorar a eficácia dos poderes públicos, são causas da cultura política anti-partidista.

A reforma política não entrou na agenda do primeiro mandato de Lula, mas é fundamental que seja pautada agora, para qualificar a democracia brasileira.

O primeiro ponto base é o tipo de voto. O Brasil é o único país da América Latina que tem voto personalizado puro. Todos os demais países tem voto em lista ou misto.

No Brasil existe um tipo de financiamento público dos partidos que é o Fundo Partidário, mas as campanhas eleitorais são exclusivamente financiadas pela iniciativa privada, que tem um custo muito maior para a sociedade e que introduz o circulo vicioso da corrupção privada-estatal-privada.

Além do argumento de que haviam outras prioridades mais urgentes no primeiro mandato, devemos considerar a dificuldade de enfrentar o debate, considerando o alto índice do sentimento anti-partidista também no Brasil, fortalecido pela mídia através das campanhas massivas de desconstrução da imagem do PT e para faze-lo mais um partido, igual a todos os outros. Não enfrentar esse debate significa alimentar o círculo vicioso e se adequar a ele.

Por essas razões, nem o PT, nem o Presidente Lula podem se abster de provocar esse debate com a sociedade brasileira , difícil, porém estratégico. Buscar formas de promover a participação, o debate aberto e a legitimidade social de uma reforma política que introduza, fundamentalmente o voto em lista, fidelidade partidária e finaciamento público de campanhae contribuir assim com a melhoria da cultura política e com a democracia brasileira.

Texto publicado no Caderno de Debates nº 1 - O Brasil que queremos. (preparatório ao III Congresso Nacional do PT - 2007) 

terça-feira, 8 de março de 2011



Terça-feira, 8 de março de 2011 às 9:58

Mensagem da presidenta Dilma Rousseff por ocasião do Dia Internacional da Mulher

Selo da série especial Dia internacional da Mulher Meu objetivo fundamental, como Presidenta da República, é a erradicação da pobreza extrema. No Brasil, a pobreza tem cara: ela é muito feminina, está ligada às mulheres. Quanto mais pobre a família, maior a chance de que ela seja chefiada por uma mulher. Estou convencida de que uma política bem-sucedida de eliminação da miséria deve ser focada na mulher e na criança. Programas como o Minha Casa Minha Vida, o PRONAF Mulher ou o Bolsa Família – que acaba de ser reajustado em até 45,5% e que terá impacto proporcional à quantidade de filhos da família beneficiada – são eficientes porque privilegiam as mulheres.
No Dia Internacional da Mulher, quero ressaltar que a eliminação da discriminação de gênero e a valorização das mulheres e das meninas são estratégias indispensáveis para alcançarmos êxito em nossa luta contra a pobreza. Com base em iniciativas como a Lei Maria da Penha, temos alcançado progresso no combate à violência contra as mulheres, mas ainda há muito por fazer. Temos o compromisso sagrado de enfrentar essa questão, intensificando e ampliando as medidas adotadas no governo passado. O Brasil que queremos, e que vamos ter, é um país sem violência. É um país com água, com luz, com saneamento, com educação de qualidade e emprego digno para todos. É um país rico, em que as mulheres e os homens têm as mesmas oportunidades e privilégios, contribuindo juntos para o desenvolvimento e o criando seus filhos com dignidade e com orgulho.


Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil


Recebi nos recados do orkut pela minha amiga IlDa R*:

IlDa R*:

História


8 DE MARÇO É DA MULHER

As mulheres do Século
XVIII eram submetidas à um sistema desumano de trabalho, com jornadas
de 12 horas diárias, espancamentos e ameaças sexuais


O Dia
Internacional da Mulher, 8 de março, está intimamente ligado aos
movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres e
sociedades mais justas e igualitárias. É a partir da Revolução
Industrial, em 1789, que estas reivindicações tomam maior vulto com a
exigência de melhores condições de trabalho, acesso à cultura e
igualdade entre os sexos. As operárias desta época eram submetidas à um
sistema desumano de trabalho, com jornadas de 12 horas diárias,
espancamentos e ameaças sexuais.


Dentro deste contexto, 129
tecelãs da fábrica de tecidos Cotton, de Nova Iorque, decidiram
paralisar seus trabalhos, reivindicando o direito à jornada de 10 horas.
Era 8 de março de 1857, data da primeira greve norte-americana
conduzida somente por mulheres. A polícia reprimiu violentamente a
manifestação fazendo com que as operárias refugiassem-se dentro da
fábrica. Os donos da empresa, junto com os policiais, trancaram-nas no
local e atearam fogo, matando carbonizadas todas as tecelãs.


Em
1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na
Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse declarado Dia
Internacional da Mulher em homenagem às operárias de Nova Iorque. A
partir de então esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro como
homenagem as mulheres.
UM ABRAÇO A TODOS!!!
08/03/2011 - 13h46

'The Guardian' põe Dilma em lista de mulheres mais inspiradoras

DA BBC BRASIL
O jornal britânico "The Guardian" colocou a presidente brasileira Dilma Rousseff em sua lista das cem mulheres mais inspiradoras da atualidade, publicada nesta terça-feira.
Na lista, que publicada no Dia Internacional da Mulher, Dilma aparece na categoria "Política" ao lado de outras dez personalidades, como a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e a ativista birmanesa Aung San Suu Kyi.
O jornal descreve a presidente brasileira como "uma guerrilheira socialista adolescente que enfrentou prisão e tortura" e que é considerada uma "administradora dura e pragmática".
O texto cita ainda a promessa de Dilma de melhorar as condições de vida das mulheres e de ter mulheres no comando de nove dos 37 Ministérios de seu governo, um número recorde na história do Brasil.
No entanto, o "The Guardian" fala também sobre as críticas de que, durante a campanha presidencial, Dilma ignorou assuntos relacionados à mulher e reverteu publicamente sua posição sobre o aborto para acalmar os religiosos, além de que teria, segundo os críticos, feito diversas cirurgias plásticas para "ganhar o seu lugar".
"Ela já está enfrentando um grande teste --as enchentes recentes que mataram centenas e enterraram cidades inteiras", diz o jornal.
INSPIRAÇÃO
Segundo a colunista do "The Guardian" Jane Martinson, a lista é composta de mulheres que são modelo de comportamento em diversas áreas em todo o mundo e que, além de conquistar direitos, ajudaram outras mulheres.
Mais de 3.000 sugestões de leitores foram consideradas por uma equipe de doze mulheres que incluía ativistas políticas, membros de organizações não-governamentais e jornalistas.
As cem mulheres escolhidas para a lista final estão divididas entre as categorias Política; Ativistas; Arte, Cinema, Música e Moda; Negócios e Sindicatos; Direito; Ciência e Medicina; Esporte e Aventura; Escrita Literária e Academia; Tecnologia e Televisão.
"Ordenamos a lista por categorias e não em uma 'lista de poder' numérica porque é impossível comparar mulheres que põem sua vida em risco por uma causa, como Malaya Joya [ativista pelos direitos humanos no Afeganistão] com artistas como Lady Gaga", disse Martinson.
"Não é uma lista de poder ou riqueza. Em vez disso, é um grupo inspirador de mulheres cuja influência irá durar."
Outros destaques da seleção são a ativista indiana Sampat Pal Devi, líder do grupo Gulabi, que pune homens por maus-tratos a mulheres no norte da Índia; a diretora-executiva da Avon, Andrea Jung; a tenista e ativista pelos direitos homossexuais Martina Navratilova e a autora iraniana Marjane Satrapi, conhecida pela história em quadrinhos autobiográfica Persépolis

sábado, 5 de março de 2011

Se no Brasil o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá receber até R$ 200 mil por palestra, no exterior, segundo petistas, o valor seria outro: US$ 200 mil (R$ 332 mil), informa o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Ontem, ele estreou como palestrante em um evento organizado pela empresa de eletrônicos LG. O evento foi fechado.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ganha cerca de R$ 90 mil por evento e faz em média 30 palestras por ano. 

reflexion madre teresa de calcuta

Fausto Fawcett - "Kátia Flávia" (Fantástico, 1987)

Nise de silveira

Florence Nightingale

O Anjo De Hamburgo Uma Certa Aracy.avi

A primeira pesquisa de aprovação de Dilma
Enviado por luisnassif, sex, 04/03/2011 - 14:39
Por alfeu


Do Blog da Cidadania


Aprovação a Dilma supera a de Lula em 2003 e 2007


Por Eduardo Guimarães


Foi pouco divulgado, mas já foi feita a primeira pesquisa sobre a popularidade da presidenta Dilma Rousseff, após os primeiros 45 dias de mandato. Foram feitas mil entrevistas pelo Instituto Análise, do sociólogo Carlos Alberto de Almeida, autor de “A Cabeça do Eleitor”, que versa, inclusive, sobre o efeito das pesquisas de opinião sobre a vontade do eleitorado.


Dilma aparece, nessa pesquisa, com 50% de bom e ótimo. Esse índice supera os índices de aprovação do ex-presidente Lula no limiar tanto do primeiro mandato (2003) quanto do segundo (2007), apesar de os índices daqueles anos, com os quais está sendo feita a comparação, serem de outro instituto, o Datafolha.


Contudo, a comparação é útil para se ter uma base para avaliar o patamar de aprovação da presidenta neste momento, após os primeiros movimentos de seu governo. Essa comparação deixa ver situação mais confortável de Dilma.


Em 2003 – melhor base de comparação, pois Lula ainda era uma incógnita –, o ex-presidente detinha 43% de aprovação pessoal, segundo o Datafolha; em 2007, após uma eleição difícil por conta do remanescente escândalo do mensalão, paradoxalmente Lula teve maior aprovação, de 48%. Aqui, salta aos olhos um fenômeno que se consolidaria nos anos seguintes.


A guerra que a mídia declarou a Lula durante seus oito anos, diferentemente do que se poderia imaginar não conseguiu impedir que, entre abril de 2003 e dezembro de 2010, sua aprovação pessoal praticamente dobrasse, chegando a 83% no último ano de seu governo.


Contudo, os índices mais altos de Lula foram auferidos a partir do segundo mandato. O ex-presidente chegou a dezembro de 2006, logo após derrotar Geraldo Alckmin, com 52% de aprovação, que caiu a 48% mais ou menos nesta época, há quatro anos, em março de 2007.


A série histórica do Datafolha revela que a guerra midiática contra Lula começou já em fevereiro de 2004, com o escândalo Waldomiro Diniz, o que fez com que a aprovação do ex-presidente caísse dos 43% do início de seu governo para 38%. Os índices iguais ou inferiores a 50% persistiram por todo o primeiro mandato.


A partir de 2007, apesar de a artilharia midiática contra Lula ter aumentado, os resultados na economia certamente respondem por boa parte de sua popularidade. O Brasil, em 2002, era a 14ª economia do mundo; hoje, os jornais informam que já é a 7ª. Contudo, tais resultados não explicam totalmente a disparada da aprovação pessoal de Lula.


Duas premissas sobre a melhora do bem-estar social foram bombardeadas incessantemente pela mídia, a de que a melhora da economia se devia a Fernando Henrique Cardoso e a de que tal melhora se devia à conjuntura internacional favorável. Enquanto isso, a mídia foi tentando construir, entre a opinião pública, uma imagem de corrupto para o governo Lula.


É perfeitamente plausível afirmar, portanto, que a quase totalidade dos brasileiros descreu dos meios de comunicação e dos partidos de oposição, sobretudo do ex-governador José Serra, que liderou a ofensiva conservadora no Brasil durante a década passada.


Neste mês de março, devem começar a surgir pesquisas de opinião dos grandes institutos. Apesar de ter sido indicada por Lula e de ter chegado ao poder graças a ele, Dilma certamente ainda terá que construir seus índices de popularidade, o que explica a relação que está construindo com os algozes de seu antecessor.


Ano de ressaca após a fuzarca econômica de 2010, que gerou um “pibão” de 7,5%, 2011 certamente produzirá um “feel god factor” decrescente, não só pelo aumento do salário mínimo abaixo da inflação como pela política monetária que vai se tornando progressivamente restritiva.


Fica fácil entender, portanto, que a continuidade da guerra midiática teria efeitos imprevisíveis sobre a sustentação do novo governo. Lula, porém, ao enfrentar essa questão, ingeriu uma espécie de antídoto contra a mídia que impediu que seus ataques fizessem efeito mesmo durante a crise de 2008/2009, quando o bem-estar social reduziu-se perceptivelmente.


A estratégia de coexistência pacífica com a mídia é mais confortável do que a de enfrentamento dela por Lula. Resta saber se o nível de popularidade de Dilma pode ser sustentado até que a sensação de bem-estar se recupere, pois a economia pode pesar mais para a sociedade do que o que a mídia disser sobre o governo, ainda que em direção contrária.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Pesquisa sobre mulheres no mercado de trabalho mostra alguns avanços e velhos problemas Imprimir E-mail



A presença da mulher no mercado formal de trabalho continua crescendo, principalmente entre as de mais escolaridade, aponta pesquisa da Fundação Seade e do Dieese relativa à região metropolitana de São Paulo. Mas o levantamento mostra também que permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.

"A evolução da presença no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho", dizem os institutos, em nota sobre o estudo. "Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolaridade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", prossegue o texto.

De 2009 para 2010, foram abertos 163 mil postos de trabalho para mulheres na Grande São Paulo. Elas representam 45% da população ocupada. A taxa de desemprego feminina recuou pelo sétimo ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem acima da masculina (9,5%). O rendimento médio aumentou em ambos os casos, mas essa alta foi maior para os homens, fazendo aumentar a diferença entre a remuneração entre os gêneros. Em média, em 2009, as mulheres ganhavam 79,8% dos valores médios recebidos pelos homens. No ano passado, essa proporção havia caído para 75,2%.

A pesquisa mostrou aumento da participação de trabalhador com ensino superior completo, de 11,7% para 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Entre as mulheres, essa proporção já chegou a 17,1%, ante 13% dos homens. A presença feminina entre a PEA com nível superior ultrapassou a masculina e atingiu 53,6%. Em 2010, os homens eram maioria (51,3%).

Com isso, também cai a presença de mulheres menos escolarizadas. "Tal retração pode ser explicada pela simples redução do número de mulheres com pouca instrução formal, mas pode também ser reflexo do aumento das exigências de escolarização para o ingresso nos postos de trabalho disponíveis, que excluem as mulheres com baixa escolarização do mercado de trabalho, ou o adiamento desse ingresso pelas mais jovens, que preferem privilegiar sua formação escolar", afirma a pesquisa Seade/Dieese.

O ensino superior mostra ser um diferencial na inserção no mercado. No ano passado, a taxa de participação feminina (proporção de mulheres ocupadas ou desempregadas com 10 anos ou mais) era de 56,2%. Entre as mulheres com curso superior, a taxa chegou a 83,6%. Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino fundamental. A taxa de desemprego total em 2010 para trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com nível superior, foi de 6,2%.

A formalização também vem crescendo, em ambos os casos. Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior tinham carteira assinada – esse número chegou a 43,8% em 2010. Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres ocupavam postos formais de trabalho.

"Pode-se afirmar, portanto, que a evolução da presença feminina no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes na qualidade de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho. Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolariedade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", conclui a pesquisa.

Fonte: Portal do Partido dos Trabalhadores do estado de São Paulo