terça-feira, 14 de junho de 2011

Serra em Blumenau



Ontem José Serra esteve em Blumenau para palestrar sobre “o desenvolvimento econômico do Brasil e seus problemas”. O evento aconteceu no Carlos Gomes e o ingresso custava R$ 65,00. Eu pagaria até R$ 200,00 para participar de uma oficina sobre poesia marginal com o Douglas Zunino, mas não pagaria cinquenta centavos para ouvir o Serra discursando sobre o que quer que seja. Parece que o Colombo e Kleinübing estiveram presentes. Eis o X da questão. Se lessem mais poesia e menos receituários pseudoliberais, aposto que já teriam resolvido o problema das greves no município e no Estado.
É que José Serra nada tem a ensinar, tampouco o PSDB. Ambos despontaram em 1988 como um político e um partido de centro-esquerda. Seriam mais ou menos como os petistas, com a importante diferença de que faziam a barba e possuíam diplomas universitários. Logo após a promulgação da nossa última Constituição, chamada “cidadã”, parece que estava chegando o momento de optarmos por uma terceira via político-administrativa.
Era hora de unir o melhor do capitalismo de mercado ao melhor do socialismo democrático, sanando assim a eterna rixa entre a esquerda e a direita. O problema é que o melhor do capitalismo de mercado só pode ser melhor para a minoria reinante, enquanto o melhor do socialismo democrático é um mito pela simples razão de que não existe socialismo democrático. Resultado: durante os dois mandatos de FHC, o PSDB se esqueceu da máxima do Estado Necessário (leiam Anthony Giddens, canalhas!) e começou a trabalhar pela máxima do Estado Mínimo.
Daí a loucura das privatizações suspeitas, do enxugamento de estatais para entregá-las de mão beijada a interesses corporativos internacionais, da corrupção endêmica por trás dos processos de licitação que não foram investigados a fundo pelos jornalões paulistas e cariocas que, de olho num mercado publicitário prestes a encher seus cofres de dinheiro (o das telefônicas, por exemplo, “faz um 21!”), não quiseram detonar um escândalo e atrasar o processo de “modernização” do Brasil. Ao mesmo tempo, enquanto a estabilização da moeda devolvia o poder de compra ao consumidor, a segurança, a saúde, a educação e a previdência desciam pelo esgoto, abrindo todas as portas para o assistencialismo autoritário da Era Lula.
Aí está, em suma, o desenvolvimento econômico proposto pelo PSDB, bem como os seus efeitos colaterais. Mas aposto que não foi isso que Serra, um candidato sem proposta nas últimas lições, falou ontem em Blumenau… Vamos lá, gente, vamos logo para a oficina do Zunino. Aposto que ele faz um desconto.

Maicon Tenfen

Nenhum comentário:

Postar um comentário