sábado, 23 de abril de 2011


21 de Abril de 2011 - 21:54
A frase é de Gisele Buchen, esposa do médido Fernando Buchen
Jornal Metas
Jornal MetasJornal Metas / Foto: N/A
Os últimos 21dias tem sido de angústia para Gisele Buchen, 28 anos e há dez casada com o médico Fernando César Buchen, acusado e preso preventivamente no Presídio Regional de Blumenau por atentado violento ao pudor. Durante quase duas semanas, o Jornal Metas manteve contato telefônico com Gisele para essa entrevista. Num primeiro momento, ela hesitou, achou que poderia comprometer a defesa do seu marido, porém diante dos comentários e das notícias veiculadas na mídia, que ela diz serem muitas inverdades, Gisele decidiu contar quem é o médico, esposo e pai Fernando Buchen que na próxima quarta-feira completa 37 anos de idade. Nesta entrevista exclusiva ao coordenador de Redação do Jornal Metas, Alexandre Melo, Gisele afirma que o seu marido é inocente e que a verdade, mais cedo ou mais tarde será revelada.

Jornal Metas - Diante de um fato grave e de tamanha repercusão, envolvendo o seu marido, você teve muita coragem em se expor. Por que a decisão de falar?
Gisele - Sim, é difícil falar sobre esse assunto. Eu, minha filha, minha família e a do Fernando estão sofrendo muito com toda essa situação. Eu resolvi falar porque tem saído muita mentira sobre o Fernando em rádios, televisões e jornais. Ele merece que eu venha a público para defendê-lo.

Jornal Metas: Qual foi a sua primeira reação quando soube que o seu marido havia sido preso?
Gisele: Desespero. Porque a gente estava preparando a festa de aniversário de seis anos da nossa filha, que seria no sábado (2 de abril). Eu e o Fernando estávamos muito felizes com este momento. Quando ele me telefonou da delegacia e deu a notícia que havia sido preso, parece que me tiraram o chão. É até difícil explicar, mas foi uma sensação de desespero e de muita tristeza.

Jornal Metas: Quem é o Fernando médico e pai que você conheceu há dez anos?
Gisele: O Fernando médico é um excelente profissional, muito responsável, sempre preocupado quando a gente saía para ir a alguma festa. Ele não desgrudava do celular, sempre preocupado que pudessem chamá-lo para uma emergência no hospital. Evitava até consumir bebida alcoolica nestes eventos. Sempre que o chamavam ele estava pronto para atender, em qualquer horário. O Fernando sempre foi muito atencioso com todos, fosse homem, mulher ou criança. Sempre ouvi clientes e amigos falarem muito bem dele e elogiarem a sua conduta profissional. É um maravilhoso pai. A minha filha e ele sempre foram muito grudados. Toda a quinta-feira ele a leva ao jogo de futebol com os amigos. Isto era uma rotina que ela adora.

Jornal Metas: É difícil acreditar que isto está acontecendo?
Gisele: Muito difícil...muito difícil. É impossível acreditar. Na verdade, eu não acredito que o Fernando tenha cometido este crime. Eu conheço o Fernando não há um dia ou há dois dias, eu o conheço há dez anos. Por isso eu acredito na sua inocência.
Jornal Metas: Você também vivia a rotina do consultório, estava lá quase todos os dias. Por isso é mais difícil acreditar que o seu marido seja culpado?
Gisele: Eu trabalho no consultório (de Gaspar) como uma espécie de secretária. Atendo telefone, marco consultas e faço serviços de banco. Quando eu tenho tempo, eu fico lá para ajudar, até porque não trabalho e vejo que precisaria de mais uma secretária. Eu tenho disponibilidade de tempo, portanto não me custa nada ajudá-lo e aos outros médicos que atendem no mesmo local.

Jornal Metas: Então,, você está sempre muito próximo do dia a dia do seu marido?
Gisele: Sim. Ele nunca sabia quando eu ia ao consultório. As vezes, ele abria a porta do consultório e me via lá na recepção atendendo os pacientes.

Jornal Metas: Você lembra da frase que disse ao seu marido quando o encontrou pela primeira vez depois da prisão?
Gisele: Eu o encontrei pela primeira vez no hospital (Buchen atentou contra a própria vida em uma cela do presídio de Blumenau e foi transferido para o hospital). Eu disse que o amava muito e que estava ali porque acreditava na sua inocência. E que toda a minha família e a dele também acreditavam.

Jornal Metas: E qual foi a redação do Fernando?
Gisele: Ele me pediu perdão por uma coisa que não cometeu. Ele estava muito envergonhado por fazer a família passar por isso, mas sempre repete que é inocente.

Jornal Metas: Desde quando surgiu o primeiro processo, em 2007?
Gisele: Sim. Em 2007, nós sentamos e conversamos sobre as acusações. Ele me contou tudo o que estava acontecendo sobre o processo. Eu disse a ele que o apoiava em tudo e que estaria sempre ao seu lado. E vou continuar lutando contra esses processos até provar a inocência do Fernando.

Jornal Metas: Vocês têm uma filha de cinco anos. Foi uma decisão difícil contar a ela que o pai havia sido preso. Como foi a reação da menina e como está sendo a vida sem o pai em casa?
Gisele: Na verdade, ela agora tem seis anos. Lá em casa a gente nunca mentiu. Somos uma família que quando tem um problema, senta e conversa. Sentei com a minha filha e contei a ela que o papai havia sido preso, depois contei que o papai estava no hospital. Contei tudo o que estava acontecendo, não escondi nada. Ela é criança, mas não é burra e iria perceber logo que o clima em casa não estava legal. Ela iria ver o pai na televisão e no jornal. Ela perceberia logo que havia um problema na família. E se eu não contasse a verdade, qual seria a minha relação com ela? Eu tenho que passar confiança para a minha filha. Eu ficaria muito preocupada, se ela soubesse por outras pessoas o que havia acontecido com o pai ..

Jornal Metas: Você continua morando na mesma casa? Como tem sido a rotina nos últimos 22 dias?
Gisele: A gente tem a nossa casa e vou continuar morando nela, mas por enquanto estou na casa dos meus pais, porque eu não tenho mais horário fixo para chegar em casa. E a minha filha, neste momento precisa do carinho de toda a família, mãe, avós e tios. Eu saio, pela manhã, para resolver assuntos com os advogados e do consultório. Além disso, sempre que podia eu ia ver o Fernando no hospital, dar o meu apoio a ele. A minha rotina está sendo essa. Saio de casa às 7 horas da manhã, volto ao meio-dia para levar a minha filha para a escola e saio novamente à tarde para resolver todas estas coisas.

Jornal Metas: Além da prisão, outro momento difícil para você foi quando o Fernando atentou contra a própria vida. Ele, inclusive, deixou uma carta, que a imprensa não teve acesso, mas se sabe que era uma carta de despedida. Qual foi a sua reação naquele momento?
Gisele: Esta carta fala de amor, ele disse que me amava muito e que também amava muito a nossa filha, pediu para que eu vendesse a nossa casa e fosse viver a minha vida (pausa). Pediu desculpas ao meu pai por tê-lo feito passar por tudo isso, falou que amava a minha mãe e ao meu pai, que eram com seu fossem também pais dele, dos meus irmãos, dos irmãos e dos pais dele. Essa carta não tem nada de confissão. Em nenhum momento ele mencionou as acusações e os processos. Ele reafirma na carta que é inocente e que só fez os procedimentos médicos corretos. Até por isso, essa carta não deveria estar com o delegado, pois não se trata de uma confissão.

Jornal Metas: Você disse que vivia a rotina do consultório. Alguma vez você acompanhou o seu marido fazendo exames em pacientes?
Gisele: Eu acompanhei uma única vez, quando a minha mãe foi ao consultório, mas não porque eu precisasse estar lá. A gente ficou conversando enquanto ele fazia o exame. Apalpou a virilha dela, pois é onde passam os nervos. É um procedimento médico normal para um especialista em ortopedia. Por exemplo, se a pessoa cai sentada, onde se vai examiná-la? Lógico que será preciso apalpar as nádegas.

Jornal Metas: Como está o estado emocional do seu marido, já que ele retornou para o presídio na terça-feira (19). Você já o visitou?
Gisele: Não. Desde que ele foi levado de volta para o presídio, eu não tive mais contato. A minha primeira visita será no domingo (23). O que eu soube dos nossos advogados é que ele continua muito abalado emocionalmente. Por vezes, ele perde a noção do tempo, pois o choque emocional foi grande. Tirar um homem da família, do trabalho, dos amigos e colocar dentro de uma cela sem notícia do que acontece lá fora é muito complicado. Foi um choque muito grande. As vezes ele pergunta: “você pegou o carro na garagem”? Eu respondo: “Fernando, o carro está lá em casa há mais de duas semanas". Ele faz algumas perguntas, como se estivesse voltando no tempo.

Jornal Metas: O caso é de grande repercusão em Gaspar e região. Nestes 20 dias você já precisou enfrentar alguma situação desagradável de pessoas acusando seu marido? Qual foi a sua reação? Gisele: Uma vez eu estava sentada na recepção do hospital, aguardando para ver se teria a autorização para vê-lo. Umas moças, ao meu lado, estavam comentando o assunto. Elas não me conheciam e não conheciam o Fernando. Elas começaram a comentar sobre o que leram nos jornais. E uma delas disse: “poxa, mas um médico fazer uma coisa dessas”. Eu olhei para ela e disse: “eu sou a esposa desse médico”. E comecei a contar para elas a nossa versão. Elas se convenceram. Todas as pessoas que a gente conta a versão dos fatos, acabam entendendo que o Fernando é inocente. E até preciso agradecer muito aos pacientes que ligam diariamente para o consultório se oferecendo para testemunhar a favor do Fernando, aos amigos que ligam dando apoio, aos amigos de Curitiba (Fernando nasceu, estudou e se formou em Curitiba), professores de faculdade que estão prontos para testemunhar a favor do Fernando. Andaram dizendo que foi a nossa família que teve a ideia do abaixo-assinado. Não é verdade. A iniciativa foi dos pacientes, porque eles ligavam lá para clínica querendo deixar o nome e cpf para testemunhar a favor do Fernando. A gente anotava, mas já tinha mais de 20 pessoas. Não é abaixo-assinado para tirar o Fernando do presídio, mas para testemunhar a favor. É lógico que o juiz não vai querer ouvir a todos, mas essas pessoas querem dar a sua contribuição.

Jornal Metas: Você acredita que a opinião pública acredita muito mais na inocência do Dr. Fernando do que na culpa?
Gisele: Sim. Porque o Fernando atendia a muito gente, e só tem oito o acusando. O abaixo-assinado já tem mais de 500 assinaturas. São todos pacientes do Fernando. O Fernando faz 10 mil atendimentos por ano, entre estes atendimentos, é claro, tem os retornos, mas são 10 mil atendimentos por ano. É um número bem considerável.
Jornal Metas: Você acredita na inocência do seu marido?
Gisele: Sim. Por que ele sempre foi uma pessoa muita justa e honesta. Ele nunca deixou a desejar no trabalho nem em casa. Ele sempre foi muito responsável e tem amor à profissão que escolheu. Ele não iria cometer um delito desses, colocando a profissão e anos de estudo na lata do lixo. Ele é apaixonado pelo que faz e pela família. Eu acredito na inocência dele.

Jornal Metas: E na Justiça? Você acredita?
Gisele: Acredito, mas acredito mais em Deus. Deus está do nosso lado, nos apoiando. Uma hora a verdade vai aparecer. Elas (vítimas) devem ter confundido o exame com algo a mais, porque ele sempre foi muito atencioso com os pacientes. Eu queria pedir a essas mulheres que consultem um outro ortopedista e perguntem como é o exame, porque muito médico olha e, para não se complicar, receita um remédio e pede para o paciente voltar em 30 dias. O Fernando, ao contrário, gosta de examinar, tocar o paciente para saber onde está a dor e receitar a medicação correta.

Jornal Metas: Se você ficasse frente a frente com as mulheres que acusam o seu marido, o que você diria a elas?
Gisele: Hoje é muito difícil responder a essa pergunta. Eu diria para elas que pensassem mais antes de tomar qualquer decisão, porque o que elas falaram não destruiu uma família, mas abalou. Tenho a certeza que vamos reerguer a nossa família. Eu confio muito em Deus. Vamos conseguir reconstruir a credibilidade do Fernando. Volto a pedir a essas mulheres que consultem um outro médico para saber se não estão confundindo o exame, antes de cometerem uma injustiça.

Jornal Metas: Qual o seu sentimento em relação a essas mulheres que acusam o seu marido?
Gisele: Eu não sei qual é meu sentimento agora. Não quero encontrá-las, pois acho que neste momento uma conversa não vai resolver, mas talvez mais para frente a gente possa sentar e conversar numa boa.

Jornal Metas: Amanhã é Páscoa. Como vai ser a família passar o dia longe do Fernando?
Gisele: Triste. A Páscoa era um momento muito especial para a nossa família. Pela manhã, a gente sempre passava a Páscoa na casa dos meus pais e à tarde na casa do meu sogro, ou ao contrário. Pensar que o Fernando está lá na cadeia sem um abraço, sem um carinho nosso dói muito. Somos muitos unidos. Neste domingo eu vou estar lá com ele, porque é dia de visitas, só que não posso levar a nossa filha. Ela não merece estar longe do pai, mas nessa Páscoa vai estar.

Jornal Metas: Alguma mensagem final?
Gisele: Eu gostaria de pedir que não julguem o meu marido sem que antes se esclareceram todos os fatos. Julgar cabe à Justiça. E vamos conseguir provar a sua inocência. Agora, não posso falar muito sobre o processo porque está correndo em segredo justiça. Tudo o que eu disser pode prejudicar o processo. Quero agradecer a todos que estão dando apoio e telefonando para a gente (emociona-se), a todos que estão de coração com a nossa família. Muito obrigado.       

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