quarta-feira, 13 de abril de 2011

1
Mas quem é mesmo esse Lula
Tão cantado em Cordel?
É terror de coronel,
Pancada em quem especula,
É teimosia profética
É força e garra com ética
É Cristo, É Gandhi e Guevara,
Que enfrenta parada dura,
Sem perder nunca a ternura...
Por isso que ele é O CARA.
2
Lula é a quintessência
Dos levantados do chão
De quem venceu no Sertão
A seca e a prepotência;
É quem não teme perder
Porque aprendeu vencer...
É essa energia rara
Que herdou de Dona Lindu
Num Sertão tostado e cru
Por isso que ele é O CARA.
3
Lula driblou o destino
Com coragem e luta vasta,
Quebrou a casca da casta
Reservada ao nordestino
Que não herdou sesmaria
Nem veio da academia
Que ao descer do pau-de-arara
Em vez de ser delinqüente
Transformou-se em presidente...
Por isso que ele é O CARA.
4
Lula é quem reescreveu
A cartilha do ABC,
Soletrou greve e PT
Cresceu e apareceu...
Reescreveu a história
Dando glória pra os sem glória
Quebrando outro pau-de-arara
Que é o símbolo da tortura
E enterrou a ditadura...
Por isso é que ele é O CARA!
5
Depois nós vimos Luis
Na Caravana que ia
Parir a cidadania
Das entranhas do País
Peitando soba e alcaide
Dando um chute no apartheid,
A estupidez que separa
Brasil de fêmea e de macho,
Brasil de cima e de baixo...
Por isso que ele é O CARA
6
Depois foram as eleições,
Factóides e firulas,
Fabricaram os anti-lulas
Ganharam três votações;
Quanto mais Lula perdia
Mais o Brasil sucumbia
Num berço “esplêndido”, de vara
Depois que Lula ganhou
O gigantão acordou
Por isso que ele é O CARA.
7
Lula ganhou, assumiu,
Começou a juntar caco,
Danou-se a tapar buraco
Levantando o que caiu...
Deu um basta nos desleixos
Botou o Brasil nos eixos
Apagou muita coivara
Provou de maneira incrível
Que outro Brasil é possível
Por isso que ele é o cara
8
Criou o SAMU urgente
Remédio barateado,
Fez o SUS humanizado
Fez o Brasil Sorridente
Combatendo as endemias
Evitando as pandemias
Saneamento dispara
Que é obra que não faz foto
Que dá saúde e não voto...
Por isso Lula é o cara.
9
Universidade Aberta
ProUni em todas cidades
Novas universidades
E muita extensão aberta,
Brasil Alfabetizado
Mais professor concursado,
FUNDEB, nem se compara...
Mesmo sem diplomação
‘Stá diplomando a nação
Por isso Lula é o cara
10
Fez os Pontos de Cultura
Respeitando a identidade
Forjando a diversidade
Promovendo Mais Leitura
Folclore, Vídeo e cinema
A Música, a Dança, o Poema,
Está tudo mais odara...
Exclusão virou insulto
Hoje o Brasil é mais culto...
Por isso Lula é o cara.
11
Pra quem lavra a terra dura
Temos mais assentamentos
Pronaf tem mil aumentos
Melhorando a agricultura
E para acabar engodos
Lula fez o Luz pra Todos
A casa rural ‘stá clara
O campo está produzindo
E a fome se esmilingüindo
Por isso Lula é o cara.
12
Leva o seu discurso afoito
Sem temer fama ou acinte
Tornou viável o G-20,
Ajoelhou o G-8
Soma-se à Rússia e à China,
Dá apoio à Palestina
Aos donos do mundo, encara;
Ao Mercosul não desfalca
Fez o enterro da ALCA
Por isso que ele é o cara
13
Não fala russo, alemão,
Nem francês e nem inglês
Fala mesmo o Português
Falado pelo povão
Fala com crânio e com alma
Só sai debaixo de palma
Sapatos ninguém dispara.
E embaixador sem sapato,
Isso acabou-se de fato
Por isso Lula é o cara
14
Veio a crise mundial
Disseram estamos de esmola
Lula disse: Isso é marola
Ninguém perca o alto astral
Quem disse que o Brasil quebra,
Quebra a cara e não celebra
O caos e se desmascara...
E hoje o Brasil está aí
Credor do FMI
Por isso que ele é o cara
15
O petróleo do Pré-Sal,
Os gringos tiveram um troço
Pois Lula disse que é nosso
Pra redenção nacional
Nada de novos ‘iraques’
Muito menos Patrobrax
E há dias Lula declara
Que não ta nem aí
Pra os bestas da CPI...
Por isso que ele é o cara




E, por fim para não dizerem que vim só falar do presidente, vamos à
pauta de reivindicações dos poetas que aqui se encontram:

16
Mas agora meu caro presidente
Vamos mesmo falar sobre o Cordel,
Esta arte do humilde menestrel
Que retrata o valor da nossa gente,
Um saber que cresceu e que é semente
Do mais amplo espectro da cultura,
Que é folheto e que é xilogravura;
Que é jornal e que é dramaturgia,
Que é cinema, que é música e poesia
E é suporte à melhor Literatura!

17
A primeira das reivindicações
É o Cordel PATRIMÔNIO CULTURAL
Da nação no modelo IMATERIAL
E do repente nas manifestações,
Coco, aboio e as demais inspirações...
Mas também nós queremos conquistar
Um projeto que está a tramitar
No Congresso pra o crivo do poder
Finalmente poder reconhecer
A profissão de POETA POPULAR!

18
Precisamos que a nossa inteligência
Tenha amparo na hora que cansar
Que o poeta possa se aposentar
Tendo, assim o direito à PREVIDÊNCIA
E que o Congresso aprove com urgência
O Projeto que existe de uma emenda
Dois, três, dois, que esse número a gente aprenda
Pois com ele se alguém patrocinar
Um folheto que a gente publicar
Tem desconto no IMPOSTO DE RENDA!

19.
Nós queremos Cordel em toda Escola
Com projetos que levem os cordelistas
E apresente na classe os repentistas
Com o folheto, o romance e a viola,
Que esse ato transforme-se numa mola
Propulsora da arte da poesia
E que além de palestra e cantoria
Cada escola possua a CORDELTECA
Reforçando a sua BIBLIOTECA
Dando a todos, cultura e alegria!

20.
Que o governo adquira a produção
De folhetos, romances e CDs,
Cordelivros, de Xilos, DVDs,
Reforçando a ação da educação,
MEC e MINC levando essa lição
De casar o ensino com as artes
Com mais aprendizado em todas partes
Reforçando a Didática e o saber
E fazendo as pazes do poder
Com João Grilo, Cancão e Malazartes!

21
Que a Caixa Econômica possa ter
Uma linha de crédito pra o Cordel
Que o poeta que deve é bem fiel
Paga a conta pra outra receber.
É dinheiro pra livro e pra fazer
O folheto, o romance, e pra comprar,
A viola com que irá cantar
E o som pra fazer divulgação
Dessa forma o poema e a canção
Vai vender e o poeta vai ganhar!

22.
Nós queremos também, meu presidente,
Um horário na nossa TV pública
Que é preciso que toda essa República
Reconheça o que é nosso repente
Que o poeta feliz e consciente
Tenha vez como a bola, o rap e o roque
Que o Brasil reconheça o nosso estoque
Do cordel e o repente, essa ciência
Pra podermos gozar de audiência
Do extremo Chui ao Oiapoque!

23
Que as campanhas que são educativas
De estatais e também dos ministérios
Possam ter nossos versos sempre sérios
Carreando as mensagens puras, vivas,
Nossas rimas são muito criativas
E já chega de ver os marqueteiros
Contratando uns atores sem roteiros
Que imitam o cordel de um jeito feio
Acabando o emprego em nosso meio
E acabando a imagem dos violeiros!

24
Que se apóie outras feiras de cordéis
Com estrutura daqui para melhor;
Cada feira se torne bem maior
Dando espaço pra todos menestréis
Que em vez de sofremos um revés
Outras feiras incluam o poema
Nossa música, o teatro e o cinema,
Cordelivros e livros e CDs
Pra o Brasil finalmente ter a vez
De entender o valor do nosso tema.

25
Editais pra Cordel e pra Repente,
Do IPHAN, da FUNARTE, Petrobrás
Que dê prêmios, dê luz e dê cartaz
Pra o sucesso total da nossa gente.
Finalmente, meu caro presidente,
Meu querido ministro da Cultura
Já é hora da rima rica e pura
Ocupar seu lugar, sua cadeira,
Seu espaço na cena brasileira
Com o status de ser LITERATURA!

Brasília, 28 de Maio de 2009
Crispiniano Neto

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